MANAUS, 342 ANOS

Hoje, 24 de outubro, Manaus faz aniversário e todos nós,que fazemos esta cidade no meio da selva amazônica estamos de parabéns e ao mesmo tempo agradecidos à ela.

Manaus dos mil contrastes como diria o saudoso Gil é a maior e principal cidade da Amazônia, com um pujante pólo industrial, mas convivendo com bolsões de miséria. É uma cidade bela e formosa, alegre e festeira e que tem como maior qualidade o seu povo que surgiu da mistura de muitas raças. Foi fundada por portugueses que se misturaram com índios, negros e, em seguida, com judeus, árabes e tantas outras raças resultando num povo sem ódios, que sabe levar a vida e enfrentar as dificuldades, como ninguém.

Viveu o apogeu da borracha quando pelo seu porto saiam a maior parte das exportações brasileiras que geraram as divisas necessárias para São Paulo para fazer nascer o seu hoje pujante pólo industrial. Foi um momento de glória para a cidade tendo aqui surgido, inclusive, a primeira Universidade brasileira, mas na seqüência veio a queda do ciclo e suas conseqüências sendo a pior delas o fechamento da Universidade.

Foto: Chico Batata

Amargamos anos de dificuldades até os anos 60 quando surgiu a Zona Franca de Manaus, importante projeto de desenvolvimento que inicialmente objetivava substituir o extrativismo, mas que terminou se revelando mecanismo fundamental para que o Amazonas tenha preservado 98% de sua floresta.

Com a Zona Franca vieram os bônus e os ônus. O bônus de termos uma economia pujante que assegura crescimento econômico, empregos e recursos ao poder público, mas o ônus de assistirmos ao crescimento desordenado da cidade com todas as conseqüências que disso decorrem.

Embora tenha 342 anos, Manaus é ainda muito jovem quando se fala de autonomia política. Seus prefeitos eram nomeados pelo Governador até 1961 quando foi eleito Josué Claudio de Souza. Em 1964, com o regime militar, houve intervenção no município. Em 1965 foi eleito Vinicius Conrado que mais tarde por pressão do então Governador nomeado Artur Reis foi obrigado a renunciar voltando o prefeito de Manaus a ser designado pelo Governador. Isso foi assim até 1985 quando foi eleito Manoel Ribeiro. A partir daí, Manaus voltou a decidir quem devia administrá-la. Portanto, apenas 26 anos de autonomia política.

Nesse período só três prefeitos cumpriram integralmente seus mandatos: Artur Virgilio Neto, Alfredo Nascimento e Serafim Corrêa.

A minha vida é toda ligada a Manaus. Os meus avós e pais eram trabalhadores da construção civil e vieram para cá em busca de trabalho que não havia em Portugal no início do século passado. Aqui eu nasci, me criei, estudei,casei, vi nascerem meus filhos e netos e tive a sublime honra de ter a confiança da minha gente para que eu fosse um dos poucos a dirigir os destinos da cidade, o que fiz com dedicação integral.

No dizer do nosso poeta maior, Aníbal Beça, hoje em outro plano, Manaus é diferente porque ao invés de morar nela é ela que mora na gente.

Disse ele, em TOADA DE MANAUS:

Eu sou da cidade morena,

reza a bênção na canção,

batizada pelas águas,

da virgem da Conceição (Bis)

Nossa cor leva o tempero

da gente antiga baré.

Sou caboclo manauara

jaraqui e mururé,

cunhantã e curumim, banzeiro no igarapé. (Bis)

Toda cidade se habita

como lugar de viver.

Só Manaus é diferente

nessa maneira de ser,

pois em vez de morar nela

é ela quem mora na gente .

No sorriso ela se inventa,

morada dos nossos sonhos,

minha querida Manaus,

mana maninha de encantos.

No teu aniversário, parabéns Manaus e obrigado por tudo.