Hoje, 24 de outubro, Manaus faz aniversário e todos nós,que fazemos esta cidade no meio da selva amazônica estamos de parabéns e ao mesmo tempo agradecidos à ela.
Manaus dos mil contrastes como diria o saudoso Gil é a maior e principal cidade da Amazônia, com um pujante pólo industrial, mas convivendo com bolsões de miséria. É uma cidade bela e formosa, alegre e festeira e que tem como maior qualidade o seu povo que surgiu da mistura de muitas raças. Foi fundada por portugueses que se misturaram com índios, negros e, em seguida, com judeus, árabes e tantas outras raças resultando num povo sem ódios, que sabe levar a vida e enfrentar as dificuldades, como ninguém.
Viveu o apogeu da borracha quando pelo seu porto saiam a maior parte das exportações brasileiras que geraram as divisas necessárias para São Paulo para fazer nascer o seu hoje pujante pólo industrial. Foi um momento de glória para a cidade tendo aqui surgido, inclusive, a primeira Universidade brasileira, mas na seqüência veio a queda do ciclo e suas conseqüências sendo a pior delas o fechamento da Universidade.
Amargamos anos de dificuldades até os anos 60 quando surgiu a Zona Franca de Manaus, importante projeto de desenvolvimento que inicialmente objetivava substituir o extrativismo, mas que terminou se revelando mecanismo fundamental para que o Amazonas tenha preservado 98% de sua floresta.
Com a Zona Franca vieram os bônus e os ônus. O bônus de termos uma economia pujante que assegura crescimento econômico, empregos e recursos ao poder público, mas o ônus de assistirmos ao crescimento desordenado da cidade com todas as conseqüências que disso decorrem.
Embora tenha 342 anos, Manaus é ainda muito jovem quando se fala de autonomia política. Seus prefeitos eram nomeados pelo Governador até 1961 quando foi eleito Josué Claudio de Souza. Em 1964, com o regime militar, houve intervenção no município. Em 1965 foi eleito Vinicius Conrado que mais tarde por pressão do então Governador nomeado Artur Reis foi obrigado a renunciar voltando o prefeito de Manaus a ser designado pelo Governador. Isso foi assim até 1985 quando foi eleito Manoel Ribeiro. A partir daí, Manaus voltou a decidir quem devia administrá-la. Portanto, apenas 26 anos de autonomia política.
Nesse período só três prefeitos cumpriram integralmente seus mandatos: Artur Virgilio Neto, Alfredo Nascimento e Serafim Corrêa.
A minha vida é toda ligada a Manaus. Os meus avós e pais eram trabalhadores da construção civil e vieram para cá em busca de trabalho que não havia em Portugal no início do século passado. Aqui eu nasci, me criei, estudei,casei, vi nascerem meus filhos e netos e tive a sublime honra de ter a confiança da minha gente para que eu fosse um dos poucos a dirigir os destinos da cidade, o que fiz com dedicação integral.
No dizer do nosso poeta maior, Aníbal Beça, hoje em outro plano, Manaus é diferente porque ao invés de morar nela é ela que mora na gente.
Disse ele, em TOADA DE MANAUS:
Eu sou da cidade morena,
reza a bênção na canção,
batizada pelas águas,
da virgem da Conceição (Bis)
Nossa cor leva o tempero
da gente antiga baré.
Sou caboclo manauara
jaraqui e mururé,
cunhantã e curumim, banzeiro no igarapé. (Bis)
Toda cidade se habita
como lugar de viver.
Só Manaus é diferente
nessa maneira de ser,
pois em vez de morar nela
é ela quem mora na gente .
No sorriso ela se inventa,
morada dos nossos sonhos,
minha querida Manaus,
mana maninha de encantos.
No teu aniversário, parabéns Manaus e obrigado por tudo.