Comprei e comecei a ler o livro do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso sobre o que se passou na Presidência da República nos anos de 1995/1996.
Esse livro deve ser leitura obrigatória para os que querem entender a política brasileira. Para os que viveram aqueles momentos, como eu, é uma ótima oportunidade para conhecer melhor muitas pessoas, tirar dúvidas sobre o que realmente aconteceu, enfim, saber da história por uma fonte insuspeita.
Fica claro que FHC tinha um diagnóstico do Brasil, sua “máquina” paquidérmica e emperrada, do patrimonialismo, do domínio de grupos privados, sejam eles empresariais ou corporativos, de setores do estado brasileiro e dos caminhos que ele via como os melhores para permitir a ruptura com tudo isso. Vinte anos depois, difícil não concordar com ele no diagnóstico, embora seja natural a divergência sobre os caminhos a seguir.
É notória a dificuldade dele em lidar com a fisiologia e com as chantagens do dia a dia da política, bem como com os “ciúmes de homem”, ainda hoje tão presentes e até exacerbados como outrora.
A sua decepção com muitas pessoas, até próximas dele, pela visão pequena das coisas é uma constante no livro.
Revela por outro lado o mau caráter de muitos quadros da política brasileira, inclusive da amazonense, que de público fazem um discurso republicano , mas no pé do ouvido fazem outra coisa, bem ao contrário, como defender interesses próprios, nada republicanos, nem que para isso tenham que usar a velha tática da intriga para derrubar os outros. Mostra ainda a existência desde aquela época da figura dos “chorões” e “coitadinhos”, políticos que sempre se sentem perseguidos, não contemplados, nem reconhecidos e nos momentos de acesso aos governantes usam o tempo para chorar, intrigar, reclamar, enfim, para encher o saco, para dizer no popular.
Vale a leitura, principalmente para os mais jovens entenderem como era, e como continua sendo, a política brasileira.
É a sugestão.