Dia 20 de novembro de 2010. É o centenário de nascimento de Josué Cláudio de Souza, nascido em Itajaí, Santa Catarina, que veio aos trinta e dois anos para Manaus dirigir a Rádio Baré, pertencente aos “Diários e Emissoras Associadas do Brasil” do então todo poderoso Assis Chateaubriand.
Integrou-se à cidade, fundou a sua própria emissora – a Rádio Difusora do Amazonas – num tempo onde isso era algo muito difícil, foi deputado estadual, federal, Prefeito de Manaus, senador e governador em exercício.
Tive a felicidade de conhecê-lo nos anos 60 e com ele ter uma boa convivência. Era ser humano excepcional. Apresentava todos os dias a “Crônica do Dia”, exatamente ao meio-dia e simultaneamente às doze badaladas do sino da Igreja Matriz. Considerava a padroeira do Amazonas, Nossa Senhora da Conceição, como sua madrinha. E nessa crônica enviava mensagens de paz, alegria, confraternização e amizade. Registrava aniversários, falava do filho do amigo que havia sido aprovado no vestibular, do outro que passara no concurso público, conversava sobre as questões da cidade, enfim, sempre uma palavra carimbada de paz e amor no dizer dos dias de hoje.
Foi político, galgou todos os cargos que um homem público pode ocupar e sempre fez política sem baixarias e respeitando os adversários. Sofreu decepções e revezes sem, contudo, perder a serenidade, o equilíbrio e a postura.
Certa feita foi agredido verbal e violentamente por um adversário político. Não reagiu da mesma forma e impediu que amigos retaliassem o seu agressor. Anos mais tarde, aquele que o havia agredido procurou-o para que o ajudasse a resolver uma questão familiar e ele, como se nada tivesse acontecido, o atendeu. E resolveu a questão através de uma emocionante “Crônica do Dia”.
Era um conciliador. Buscava o entendimento e ficava incomodado quando amigos se desentendiam. Podendo ajudar a construir pontes de entendimento, fazia com grande satisfação. Conheci outros homens com esse mesmo perfil, mas de longe ele era o mais habilidoso nessa arte de conciliar pessoas.
Hoje, pessoas com essa capacidade praticamente não existem mais no nosso mundo, na nossa sociedade. E fazem muita falta.
No centenário do “seo” Josué, o registro do Blog do Sarafa e os cumprimentos aos seus herdeiros.
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