De O Globo
RIO – Em entrevista na noite desta segunda-feira ao Jornal Nacional, a candidata do PT à Presidência, Dilma Rousseff, prometeu punição “implacável” àqueles que forem considerados culpados no caso de tráfico de influência da Casa Civil, e ressaltou que todos casos de nepotismo, envolvendo parentes da ex-ministra Erenice Guerra, já foram afastados dos cargos. A candidata usou o escândalo para atacar José Serra (PSDB), dizendo que, apesar da polêmica, o PT está investigando o caso, mas o os tucanos não investigam o suposto desvio de verbas de campanha do candidato, em torno de R$ 4 milhões, que teria sido feito pelo ex-diretor da Dersa Paulo Vieira de Souza – o Paulo Preto.
– No meu governo, eu serei implacável, tanto com nepotismo, quanto com tráfico de influências ou conhecimento de qualquer mal feito relacionado à propina ou outras variantes disso – afirmou a candidata.
Perguntada sobre o possível motivo que teria levado as eleições presidenciais para o segundo turno, a petista disse que o eleitor queria uma oportunidade para refletir melhor sobre as propostas dos candidatos. Ao agradecer os 47 milhões de votos que recebeu, ela disse que foi a segunda mulher mais votada no planeta, perdendo apenas para Indira Gandhi, ex-primeira ministra da Índia.
Dilma voltou a se colocar contra o aborto durante a entrevista, ressaltando que é “uma violência à mulher”. Ela ressaltou, no entanto, que o tema não pode ser tratado como caso de polícia, já que, atualmente, cerca de 3,5 milhões de mulheres fazem aborto todos os anos. Quanto à realização um plebiscito sobre o legalização do aborto, ela disse que não fará pois pode dividir o Brasil.
– Não podemos fingir que essas mulheres, elas fazem isso em situações muito precárias, e recorrer ao aborto provoca risco de vida e em alguns casos a morte. Pois bem, a minha posição sempre foi a seguinte: você não pode colocar essas mulheres, prender essas mulheres. Não se trata de prender as mulheres, se trata de cuidar delas. Porque você não vai deixar três e meio milhões de mulheres ameaçadas a sua saúde.
A presidenciável ressaltou que foi Ciro Gomes que procurou sua campanha para ser um dos coordenadores. A petista ressaltou que, embora ele tenha se colocado contra ela durante o processo, ela tem uma relação pessoal e antiga com Ciro. Ela terminou a entrevista dizendo que representa o projeto do governo Lula, e pediu votos aos eleitores.
Antes da entrevista ao telejornal, a presidenciável concedeu uma coletiva em um hotel no Rio de Janeiro. Na ocasião, ela defendeu a investigação sobre origem de folhetos contra sua campanha.