Por Osíris Silva
GYMINASIANOS, em essência, a nova versão da mesma obra, lançada em 2011, revisada e ampliada. Uma crônica narrativa de momento especial de transição da adolescência para a juventude, final dos anos 1950, início dos 1960, de um grupo de jovens alunos do Colégio Estadual do Amazonas (CEA) – a primeira geração nascida no fim da World War II (1939-1945) -, comprometido com um futuro melhor para o Amazonas e o Brasil.
Como característico do estilo literário adotado, o livro utiliza linguagem simples e direta, tanto em primeira quanto em terceira pessoa, não raro recorrendo ao humor de que diversos episódios narrados se revestem. Sobretudo em relação aos “causos” protagonizados por alunos entre si, com professores e bedéis, os inspetores disciplinares.
Embora de fácil leitura, o GYMNASIANOS não se descuida do rigor analítico, especialmente no que toca aos aspectos que dão sustentação à narrativa de fatos históricos relevantes, como no que diz respeito aos planos de governo do período pós 1945 (especialmente dos governos Getúlio Vargas e Juscelino Kubistchek) e aos movimentos políticos que viriam a deflagrar o Golpe Militar de 1964 e os envolvimentos estudantis no processo.
A segunda edição do GYMNASIANOS assume particular magnitude ao registrar que, em setembro de 2019, o Colégio Estadual do Amazonas, o histórico GYMNASIO Amazonense Pedro II, completará 150 anos. Desta forma, o autor e seus colaboradores alimentam a expectativa de que o livro possa se transformar em fator de mobilização dos que se sentaram em seus bancos escolares para constituição da Associação de Ex-Alunos. A ideia central é que a Associação possibilite trabalhar junto à Direção do Colégio e ao governo estadual uma programação comemorativa do jubileu consentânea à importância de uma instituição que, por um século e meio vem formando cidadãos, na sua grande maioria identificados com a vida política, social, cultural e econômica do Amazonas.
O lançamento da primeira edição do GYMNASIANOS, em 2011, constituiu, seguramente, uma epifania cívico-cultural, que agitou Manaus por meses. E que restabeleceu o elã, a centelha latente no sentimento de ex-alunos, mestres e funcionários no tocante ao significado histórico da instituição. Comunidade que viveu magníficas experiências de vida naqueles anos 1950/1960 numa Manaus ainda bucólica, inocente, despojada de maiores ambições, talvez até exageradamente acomodada com os infortúnios sociais e econômicos herdados da debâcle do período áureo da borracha.
Centro urbano perdido no coração da floresta amazônica, mas dotado de infraestrutura de boa qualidade, um grande templo de artes e cultura, o majestoso Teatro Amazonas; palácios, palacetes, bungalows, avenidas, praças e largos em estilo francês, bondes, cafés e confeitarias, magazines ainda com cheiros e traços de Paris e Londres. Cidade que seguia seu rumo, vivendo modestamente, sem maiores expectativas em relação ao seu destino até então incerto, mas preocupada com a formação educacional de seus jovens.
Escrever um livro é um desafio que exige desprendimento e discernimento para fugir de certas armadilhas, como o fácil e pedante autoelogio. Por isso abri o GYMNASIANOS aos colegas. Ofereci espaços para crônicas e registros de impressões, com interessantes e criativos resultados. Nesse sentido, recebi importantíssimas colaborações, dispostas ao longo desta segunda edição, especialmente no Post Scriptum, integrado de textos de alta qualidade e valor histórico significativo. Registre-se, a propósito, que o Colégio Estadual do Amazonas formou grandes cabeças, profissionais de destaque nos mais diversos campos de atividades. – médicos, engenheiros, professores, economistas, advogados, assistentes sociais, odontólogos; políticos de destaque nos legislativos municipal, estadual e Federal além de inúmeros prefeitos e governadores.
- O texto é uma réplica adaptada da Apresentação do GYMNASIANOS, Segunda Edição.