Por Marcelo Ramos:
A política oferece muitas coisas aos políticos. A uns muito dinheiro. A outros muito poder. Eu recebo bens inestimáveis e que não acabam com o tempo e nem mesmo com uma derrota eleitoral. Eu recebo carinho, reconhecimento e confiança em forma de gestos e palavras.
Num momento de tanta descrença e indignação da classe política ser depositário da confiança das pessoas, portador, para alguns, das poucas esperanças que ainda restam de uma política como instrumento para a construção do bem comum, mais que me envaidecer, enche-me de responsabilidade e disposição.
Responsabilidade para ser auto-vigilante com a minha conduta na vida pública e privada. Disposição para o trabalho e coragem necessária para o exercício da vida pública com retidão e firmeza de princípios.
Platão, em A República, relata o diálogo entre Sócrates e Trasímaco, no qual Sócrates sustenta ser a justiça virtude e sabedoria e a injustiça, maldade e ignorância, para ao final sentenciar: “… a justiça é a virtude da alma e a injustiça, o vício.”
Nessa semana em que Nelson Mandela, talvez a mais virtuosa das almas da política, nos deu um susto sendo internado com uma infecção pulmonar, vale a pena resgatar os valores de tolerância e humanidade que guiaram a sua vida pública.
Mandela é o exemplo maior de que só quem tem firmeza de princípios pode ser tolerante e respeitador das diferenças. Só quem ama a humanidade vence sem esmagar os seus opositores, mas construindo com eles um novo amanhã.
Os frágeis em seus princípios, os de alma viciada, são sempre intolerantes, arrogantes e só pensam em esmagar seus opositores. São incapazes do dialogo fraterno, transparente e democrático tão necessário para a política moderna.
Política é uma arte que exige humildade. A humildade de ouvir as pessoas, em especial aquelas que pensam diferente de você, de andar no meio do povo, de fazer da sua vida uma rotina de trabalho, mas também de convivência familiar e social simples.
Numa política movida pelo pragmatismo, eu fico com os meus sonhos e as minhas próprias esperanças.
Força, Mandela!