É uma angústia grande o administrador querer inaugurar uma obra e ver que o prazo pode não ser cumprido. Quando o assunto diz respeito apenas ao próprio município é chato o atraso, mas quando envolve outro órgão, aí a coisa pega. A Prefeitura havia se comprometido com o Ministério da Fazenda a fazer a iluminação artística do prédio da Alfândega de Manaus, sem dúvida um dos mais bonitos da cidade.
A data estava marcada. Fui visitar a obra e fiquei com a impressão de que não ficaria pronto a tempo. Os convites estavam na rua, viriam convidados de fora. Brinquei com o engenheiro responsável pela obra:
— Conclui isso dentro do prazo senão mando ver o teu IPTU.
Ele entendeu a brincadeira, mas no outro dia a obra não tinha andado. Eu voltei lá acompanhado de um funcionário do Ministério da Fazenda preocupado que o prazo não fosse cumprido e nós pagássemos um mico com os visitantes. Aí falei zangado:
— Rapaz, acelera isso, porque eu mando ver o teu IPTU, mas ele manda ver o teu Imposto de Renda.
E fui embora.
Dois dias depois voltei e a obra estava nos últimos retoques, bem a tempo da inauguração. Fui informado, então, que eles haviam trabalhado a noite e o engenheiro responsável, que não estava lá no momento, tinha virado bicho para cumprir o prazo. Cumprimentei os trabalhadores pela rapidez.
Aí um deles disse:
— É que o homem ficou com medo de mexerem no imposto de renda dele. E aí botou pra cima.