A emoção tomou conta dos vereadores, autoridades e convidados para a tribuna popular, de autoria do vereador Elias Emanuel (PSB), que a Câmara Municipal de Manaus (CMM) realizou nesta manhã (26) para homenagear os 10 anos de fundação da Fazenda da Esperança.
Localizada no Km 15 da BR-174 (Manaus/Boa Vista), o complexo possui hoje 110 internos masculinos e também um anexo, no mesmo ramal, com capacidade para 25 mulheres.
Com mais de duas horas de duração, a tribuna trouxe à tona uma discussão sobre a “epidemia” das drogas no mundo, que já é vista como um dos males do século. Para Elias Emanuel, proponente desta sessão especial, a Fazenda da Esperança é uma necessidade no combate contra a “indústria das drogas” e justamente a “centelha de esperança que a sociedade necessita”.
Além de discutir um tema extremamente delicado e que já se tornou um problema social, a tribuna popular mostrou um lado bastante forte e emotivo dos parlamentares que prestigiaram o evento e que se posicionaram, a exemplo de Cida Gurgel, Glória Carrate, Marise Mendes, Elói Abreu e Wilton Lira.
Todos revelaram histórias tristes envolvendo algum parente, familiar e até mesmo uma experiência própria envolvendo a dependência química e exaltaram a existência de uma instituição religiosa com o intuito de resgatar o ser humano dessa ‘doença maligna’. Lira revelou, sob lágrimas, que um dia foi dependente químico e conseguiu vencer essa batalha. Glória, que possui um irmão que vive nesse mundo de trevas e que, infelizmente, com toda a sua articulação, influência e luta, ainda não conseguiu salva-lo.
Elói Abreu revelou o desespero de um pai que tem um filho perdido nesse caminho tortuoso e que luta bravamente todos os dias para resgatá-lo para o caminho a luz. Cida Gurgel se emocionou ao pedir a reflexão dos presentes sobre as conseqüências que as drogas têm causado nas famílias e na sociedade em geral. Marise Mendes também deu exemplos de familiares próximos que lutam e lutaram para se desvencilhar de uma vida de sofrimentos que as drogas causam.
Outros parlamentares questionaram a pífia atuação do poder público no combate a este mal. Outros cobraram maior participação de recursos financeiros e investimentos por parte da iniciativa privada. Enquanto outros cobraram uma maior união, atenção e amor por parte das famílias. O fato é que, mesmo com opiniões controversas, o tema das drogas tocou fundo a cada uma das pessoas que participaram e presenciaram a tribunal popular.
Elias Emanuel, que entregou pela Câmara uma placa comemorativa pela primeira década da instituição ao fundador da Fazenda Esperança, Hanz Stapel, reforçou em seu discurso que a saída deste caminho tortuoso, sombrio e de trevas, é Jesus Cristo e o imenso amor que pode proporcionar ao Homem.
Mas, de todos os discursos, relatos e testemunhos de vida, o do fundador da Fazenda da Esperança, o frei alemão Hanz Stapel, foi o mais contundente e desafiador. Ele clamou uma maior participação tanto da sociedade quanto do poder público na responsabilidade de cuidar do tema como um problema social que tem que ser tratado, tem que ter investimentos e maior atenção por parte das autoridades.
Criticou a omissão que hoje se percebe do Estado brasileiro em relação à falta de políticas públicas no combate às drogas e exortou pela prevenção social entre crianças, jovens e adolescentes dentro das escolas e de instituições que trabalhem com o ser humano, a fim de erradicar este mal. E afirmou ainda que o Estado não tem escolha: tem que assumir essa responsabilidade e construir mecanismos físicos e sociais para combater e resgatar jovens que enveredaram pela dependência química. Ele exortou ainda a maior vivência da fé e da prática do evangelho entre as famílias e sociedade no combate às drogas.
A Fazenda da Esperança foi fundada pelo frei Stapel em parceria com o frei Nelson Geovanelli há 28 anos na cidade de Guaratinguetá, em São Paulo e em seguida se espalhou por outras cidades brasileiras e também outros países, como Alemanha, Moçambique, Angola, Filipinas e Rússia.
Da assessoria do vereador Elias Emanuel.