(*) Marcelo Ramos
Em PE boi voa.
Conta a história que no dia 28.02.1644 em Maurícia, hoje Recife-PE, o conde holandês Maurício de Nassau, durante a inauguração de uma ponte, cumpria a sua promessa de fazer um boi voar usando um couro de boi cheio de palha na forma de um balão inflável, amarrado em cordas finas, sobre roldanas.
368 anos depois, o Amazonas mostra ao Brasil que o feito dos pernambucanos não foi nada.
A história começa com um título de terra de 5,9 milhões de m2 na área da Colônia João Alfredo, hoje Parque das Laranjeiras, Águas Clara e Novo Aleixo, expedido em 18.10.1900 a favor de Florêncio Gomes da Silveira e ressurge 102 anos depois com uma nova matrícula do mesmo imóvel, agora negociada pelo suposto inventariante do Sr. Florêncio, um tal Antônio Luiz Mendonça da Silveira, CPF 125.255.528-49 e RG 1350823-PE, em favor de Transpar Ltda.
No AM, fantasmas existem. Em 2011, um tal Rogério Dantas Gabriel reivindica 350 mil (35 campos de futebol), dos 5,9 milhões de m2, através de ações ajuizadas contra Antônio Luiz Mendonça da Silveira. Todas as ações são julgadas a revelia, por um motivo simples. Antônio Luiz Mendonça Silveira não existe! É um fantasma!
No AM, dois corpos ocupam o mesmo espaço ao mesmo tempo. Agora em 2011, a SEMEF-Prefeitura expede o IPTU dos 350 mil m2, sendo que na área existem dezenas de outras matrículas de IPTU já que é uma área habitada.
No AM, imóvel é algo que se move. Em 1990 a SUHABfez a plotagem do imóvel para regularização dos loteamentos Águas Claras e Novo Aleixo. Em 2011, a Secretaria de Política Fundiária fez uma nova plotagem na qual não só o imóvel moveu-se pra onde está sendo construído o Corredor do Mindu, como passou a fazer 500m de frente com a linha da calçada da Av. das Torres, como se em 1900 alguém já soubesse que exatamente ali seria construída uma avenida 110 anos depois.
É! Lá em Pernambuco boi voa. Mas aqui no Amazonas boi voa, fantasma assina recibo, dois corpos ocupam o mesmo lugar ao mesmo tempo e imóvel move-se.
(*) Deputado estadual pelo PSB-AM.