(*) Francisco R. Cruz
Juntamente com os fogos da entrada do novo ano, festejava-se, também, a ascensão do Brasil à sexta economia do mundo medida pelo PIB (Produto Interno Bruto). Ultrapassamos a Inglaterra! Um orgulho, mas não uma surpresa. Estava previsto desde quando o país alcançou a estabilidade econômica, na metade da década de 90.
De qualquer modo, um grande feito. Quando, porém, os números que mostram a real situação da riqueza de um país são analisados, o orgulho se transforma em tristeza e quiçá vergonha. No IDH (Índice de Desenvolvimento Humano), por exemplo, o País se coloca na posição 85 entre 187 países. Já pelo Coeficiente de Gini (indicador que mede a distribuição da renda) é um dos piores do mundo. E ao fechar o censo de 2010, o IBGE constatou que 50% da população brasileira vivem com uma renda mensal de até R$375,00. Um vexame!
Todos esses resultados se encaixam entre si e são totalmente compatíveis com o sempre desastroso desempenho do país no ranking da qualidade da educação, pois, no final das contas é o que eles expressam: “falta de educação de qualidade”.
Não é necessário fazer qualquer esforço de imaginação, para concluir que as pessoas com esse nível de renda engrossam a lamentável estatística do analfabetismo (total ou funcional), condição que lhes tolda a esperança de ascensão social.
Entre 1950 e 1980, o Brasil cresceu a uma taxa média de 7% ao ano, sustentado por sua mão de obra sem qualificação, cuja capacidade se resumia à força dos músculos e aos trabalhos manuais. Isto não é mais possível. Atualmente quem produz o desenvolvimento é o conhecimento, para o qual nunca demos a menor bola, tanto é que o resultado do crescimento econômico da última década ficou abaixo da média mundial e foi um dos piores na América Latina.
Nessa direção de PIB grande, já está previsto que até 2050 as economias emergentes serão as primeiras no ranking mundial, Brasil incluído. É possível que França e, eventualmente, Alemanha, por esse indicador (volume do PIB), sejam ultrapassadas por nós.
Mas sem concentrar esforços na educação, os indicadores sociais, poderão caminhar em direção oposta, pois, o crescimento continuará muito abaixo das necessidades da Nação. E nesse cenário poderá acontecer o inusitado: o País terá dado um salto espetacular sem sair do lugar.
O ano de 2011 termina sem avanços significativos na educação. A partir de 2012, porém, o Ministério tem boas estratégias. Não para educar evidentemente, mas para aproveitar todo o seu potencial eleitoreiro. Sai um ministro para se candidatar à Prefeitura de São Paulo, e entra outro com o claro objetivo de turbinar a sua já anunciada candidatura ao governo do mesmo estado em 2014. Tudo nos conformes.
E assim, mesmo ao som de “Feliz Ano Novo” o horizonte continua turvo. Sem estratégia alguma para acelerar as mudanças por meio da única via sustentável, a educação, só nos resta continuar praticando o assistencialismo populista, que nada muda, mas é sucesso absoluto de voto. Um verdadeiro campeão.
Feliz 2012!
(*) Empresário. Coordenou a área de educação do Pacto Amazonense por 8 anos. Dirigiu empresa estatal de telecomunicações.