Lançado na noite de segunda-feira, 19, o livro “Economia do Amazonas – Visões do Ontem, do Hoje e do Amanhã”, de minha autoria, busca sobretudo desvendar e esclarecer meandros da economia estadual procedendo análise crítica, porém construtiva, da evolução da política de incentivos fiscais inaugurada com a instituição da Zona Franca de Manaus (ZFM) em 1967. Vai fundo sobre os erros do chamado “modelo ZFM”, dentre os quais, o mais grave, o de não ter sido observada, harmonicamente, a premissa básica de estímulo à formação de um centro industrial, comercial e agropecuário na Amazônia Ocidental, condição que – erro crucial – não se verificou. Em consequência, a economia do Amazonas, inteiramente dependente do Polo Industrial de Manaus, vê-se fragilizada e indefesa ante a crise de mercado que hoje afeta profundamente a recessiva economia brasileira.
Além da coletânea de artigos publicados nesta coluna de março de 2009 a janeiro de 2015, juntei um conjunto de textos produzidos em momentos anteriores a esse período, reunidos no capítulo inicial, “Visões do Ontem”. Pretendi demonstrar, com a reprodução desses trabalhos, que a maioria dos problemas então discutidos apresentam extraordinária similitude com os gargalos da Zona Franca de Manaus que hoje ocupam as preocupações de governantes, empresários e analistas no curso da segunda década do século XXI. Os títulos aí contidos procuram, com efeito, diagnosticar de forma realista problemas relativos à economia amazonense e da ZFM, em articular. Ao mesmo tempo apontar caminhos que, estou seguro, podiam – e podem – sugerir ações de governo eficazes e inovadoras.
Em função de minha vivência por cerca de 40 anos no setor primário, como citricultor, fui levado a estudar questões alusivas ao setor agropecuário, o que me conduziu à árdua missão de contribuir para desmistificar e até mesmo superar estigmas consolidados sobre a inviabilidade econômica da produção de alimentos no Amazonas. Deformação conceitual que transmite a errônea ideia de que nossas terras não servem para nada, tornando, desta forma, inúteis esforços nessa direção. Erro gravíssimo cometido de forma quase generalizada, ao nível do próprio governo, ao ignorar-se que, por exemplo, solo, hoje, constitui nada além do que um meio de cultura. Califórnia, Israel e Petrolina configuram provas irrefutáveis da assertiva.
O livro centra-se substantivamente no enfoque de questões transcendentais para o crescimento sobretudo do setor industrial e do agropecuário, que se mantém quase imune aos movimentos de modernização ocorridos de forma avassaladora no Brasil e mundo afora. Vale salientar, a propósito, que, em função do advento do uso intensivo de insumos modernos (defensivos, fertilizantes e equipamentos) aliados a técnicas avançadas de manejo e tratos culturais tecnologicamente evoluídos, o livro sustenta, produzir alimentos é tão somente uma questão direta do emprego equilibrado dessas modernidades tecnológicas e de políticas públicas ajustadas às vocações econômicas do Estado.
Importante registro o faço sobre o Prefácio, escrito pelo amigo dos tempos de colégio, respeitável economista Francisco de Assis Mourão, professor da UFAM, que, em determinado momento do texto, afirma: “Osíris Silva apresenta uma verdadeira radiografia da sociedade amazonense, óbvio do ponto de vista dos processos econômicos, como natural consequência das decisões de seus agentes governamentais, que são chamados à responsabilidade no correto norteio dos agentes privados, pois quem gera impostos, salários e oportunidade de empregos produtivos, em grande parcela, é sem dúvida, o esforço da iniciativa privada que atua na agricultura, indústria, comércio, serviços e atividades do Terceiro Setor – sem fins lucrativos”. Questões relevantes que o “Economia do Amazonas” procura investigar e esquadrinhar rigorosa e minuciosamente, apresentando indicativos, segundo meu entendimento, de que possam ser adotados como solução.
Comentário meu: Parabéns ao Osiris pelo lançamento. Grande abraço.