(*) Eduardo Campos e Teotônio Vilela Filho
Transcrito da FOLHA DE SÃO PAULO
Em Alagoas e Pernambuco, três inundações entre 2010 e 2011 deixaram 170 mil desabrigados; estão sendo gastos R$ 2 bilhões na reconstrução das cidades
Não há chavão mais repetido no mundo que “é melhor prevenir do que remediar.” O provérbio popular se aplica a tudo, da saúde pública às finanças pessoais.
É o que se ouve, por exemplo, quando ocorrem calamidades climáticas, como as atualmente enfrentadas por mineiros e cariocas. “Faltou planejamento, faltou iniciativa, faltou prevenção”, sentenciam os engenheiros de obras prontas.
De fato, um país com a dimensão do Brasil deve ter em mente que catástrofes naturais não são acontecimentos raros.
Nos últimos dez anos, por exemplo, tivemos que socorrer vítimas e reconstruir cidades inteiras em várias regiões: em Minas Gerais, em 2001 e novamente agora; em Pernambuco e Alagoas, em 2000, 2004, 2010 e 2011; em Santa Catarina, em 2008; e no Rio de Janeiro, em 2009, 2010 e 2012. Isso se ficarmos apenas nos casos de maior repercussão na mídia nacional.
Alagoanos e pernambucanos são gratos à presteza dos presidentes Lula e Dilma e à solidariedade dos brasileiros nos episódios mais recentes. Entre 2010 e 2011, foram três inundações, que deixaram mais de 170 mil desabrigados. Ao todo, estão sendo gastos mais de R$ 2 bilhões no atendimento às vítimas e na reconstrução das cidades atingidas. Maior ainda foi o trauma para quem viu tsunamis varrerem do mapa cidades inteiras.
Foi nesse contexto que os governos de Alagoas e Pernambuco entenderam ter chegado o momento de uma abordagem diferente.
Em vez de torcer por tempo bom, planejar e agir. Havia precedentes bem sucedidos. A solução para os aguaceiros que desde 1632 (primeiro caso registrado) inundavam a capital pernambucana, identificada desde o século 19, foi posta em prática nos anos 1960, com a construção de um cinturão de barragens para domar o rio Capibaribe. Foram 30 anos para fazer quatro barragens.
A implantação de um sistema para controlar as águas do rio Una e proteger as cidades pernambucanas e alagoanas, portanto, é solução tecnicamente inquestionável e, sem dúvida, mais barata. Os R$ 500 milhões que custarão as cinco barragens equivalem a menos de um quarto do que foi destinado emergencialmente às cidades atingidas pelas chuvas.
Essa abordagem, que até então não recebera a devida atenção, foi assumida pela presidenta Dilma, que concordou em arcar com metade dos custos.
Nunca esqueceremos as suas palavras quando ela veio, pessoalmente, ordenar as obras: “Temos a obrigação de colocar a nossa cabeça para funcionar, evitando que outras catástrofes como a que ocorreu, com perdas humanas e materiais, voltem a acontecer nesta região”.
É isso que temos feito. Homens e máquinas trabalham incansavelmente para construir as barragens e mais de 33 mil moradias em Alagoas e Pernambuco, além de hospitais, escolas e postos de saúde, dando a esta população sofrida a segurança de saber que foi durante os governos do presidente Lula e da presidenta Dilma que o Brasil transformou em verdade o que era apenas um chavão muitas vezes repetido e raramente praticado.
EDUARDO CAMPOS, 47, economista, é governador de Pernambuco pelo PSB
TEOTONIO VILELA FILHO, 60, economista, é governador de Alagoas pelo PSDB