Por Cristiane Jungblut para O GLOBO:
BRASÍLIA – A candidata petista à Presidência, Dilma Rousseff, recebeu nesta quarta-feira apoio de lideranças do PV em ato em Defesa do Meio Ambiente, em Brasília. No evento, a petista passou pelo constrangimento de ver uma faixa do Greenpeace aberta no meio da solenidade no momento em que ela discursava. A faixa amarela, com dizeres em preto, questionava: “Desmatamento zero e lei dos renováveis. Você assina?” Enquanto os militantes presentes chamavam os do Greenpeace de tucanos, Dilma permanecia calma e disse que não fazia promessas que não podia cumprir. Ela citou a candidata do PV, Marina Silva, apenas uma vez, no início do discurso, afirmando considerá-la uma grande militante do campo popular tanto em lutas sociais quanto na luta ambiental.
– Somos democratas. Deixa a moça apresentar a proposta dela. Mas eu não faço leilão político para receber apoio. Faço propostas que sei que são viáveis. Entre querer e fazer, há todo um processo. E até chegar a isso, temos o nosso objetivo, e a nossa palavra empenhada, de redução de 80% do desmatamento na Amazônia e tolerância zero com os desmatadores – disse Dilma em relação à faixa do Greenpeace.
Na saída, a candidata classificou de demagógica a apresentação de uma proposta vaga, como a do desmatamento zero. Dilma também fez um agradecimento especial a Ângela Mendes, filha do seringueiro e ambientalista Chico Mendes, morto em 1988. Ângela já declarou que votou em Marina no primeiro turno e votará em Dilma no segundo turno. Durante o discurso, a presidenciável defendeu a causa ambiental, que não pode ser atropelada pela necessidade de desenvolvimento econômico.
– Não há desenvolvimento econômico que justifique a destruição da natureza.
Empolgada, Dilma disse que sua campanha rebate o ódio com amor e que o que está em jogo é o futuro do Brasil não para até 2014, mas para 2030, 2050, prazo até o qual devem durar as reservas do pré-sal. Em várias críticas ao adversário, o tucano José Serra, Dilma afirmou que a campanha tucana estimulou o ódio religioso e votou contra o pré-sal no Congresso.
– Eles passaram a tentar criar entre nós, brasileiros, uma coisa que nunca houve: o ódio religioso – disse. – Mas agora a esperança é concreta e ao ódio temos que contrapor o amor, o amor pelo povo brasileiro.
Dilma aproveitou o evento para criticar Serra.
– A minha assinatura não vai em qualquer documento que vai na minha frente e diz “assina”, porque isso é desrespeitoso.
A candidata voltou ainda a citar o presidente para dizer que ela não pode errar como presidente.
– O presidente Lula sempre ressaltou que não poderia errar por ser operário. Eu também não posso errar, porque, senão, vão dizer que mulher é incompetente.