Do O GLOBO ON LINE por Maria Lima:
BRASÍLIA – De olho nos 1,5 milhão de votos que o senador César Borges (PR-BA) recebeu nesta eleição, a candidata do PT à Presidência, Dilma Rousseff, se encontrou com ele na manhã desta quinta-feira. Ela pediu desculpas pelo apoio maciço a seus dois oponentes, Walter Pinheiro (PT) e Lídice da Mata (PSB), que acabaram se elegendo enquanto Borges saiu derrotado.
O convite para o encontro partiu do ex-ministro Antonio Palocci (PT-SP), que sugeriu ainda que levasse junto o presidente do PR, o senador e ex-ministro Alfredo Nascimento (PR-AM), candidato derrotado ao governo do Amazonas. Nascimento decidiu, por sua vez, levar o deputado reeleito Valdemar Costa Neto (PR-SP), que renunciou ao mandato para não ser cassado na época do mensalão.
O senador baiano disse que não foi uma conversa fácil, colocando os “percalços” que levaram a sua derrota, mas achou melhor enterrar o passado e dar mais um voto de confiança a Dilma, pois, segundo ele, “politica não se faz com retaliação, e sim com grandeza”.
– A Dilma me disse que lamentava profundamente o que aconteceu na minha eleição. Só tinha duas vagas, fui massacrado pelas máquinas estadual e de Lula e Dilma. Mas o que posso fazer? Mesmo com todo esse massacre resisti bravamente e tive 1,5 milhão de votos. E é claro que Dilma não quer perder esses votos. Paciência, vamos caminhar juntos – declarou Borges, explicando ainda seguir a orientação do partido, que resolveu apoiá-la no primeiro e segundo turnos.
Ele negou que tivesse sido acertada a participação do PR num eventual governo Dilma ou a volta do ex-ministro Alfredo Nascimento para a pasta de Transportes.
– Ele continua senador e invoca essa possibilidade. Claro que o PR, como aliado, participará do governo com uma participação até maior, pois vem mais fortalecido das urnas, com 42 deputados na bancada federal – disse o senador baiano.
Borges hoje ratifica seu apoio a Dilma em um ato preparado com a presença do candidato a vice Michel Temer. Nesse ato, com lideranças do PR e PMDB, o ex-ministro Geddel Viera Lima, também já pacificado, anuncia seu apoio a petista.
Sobre a presença constrangedora de Valdemar Costa Neto no encontro, César Borges disse que ninguém tocou em assunto de mensalão. Em sua fala, Valdemar, ex-presidente do PR, reforçou apoio do partido a Dilma.
– Você acha que alguém vai comentar um assunto desse numa conversa dessa? – disse o senador quando perguntado se Dilma tinha feito alguma menção ao mensalão.