OAB Nacional e a Igreja Católica estão empenhadas em um projeto de reforma política. Muito bem. Isso é legal e legítimo. No final do ano passado houve um evento promovido pela Assembleia Legislativa para discutir esse projeto. Fui convidado e compareci. Representando a OAB falou o Dr. Marco Aurélio Choy. Disse ele que a reforma política tem que ser feita pela OAB e a Igreja, porque os políticos fazerem a reforma política é a mesma coisa que os presos fazerem a reforma do Código Penal. Como ele advoga para políticos, creio que ele se referia, em primeiro lugar, aos seus clientes.
Eu sou político, católico e advogado e não tenho vergonha disso. Ao contrário, tenho muito orgulho. Quando chegou a minha vez de falar, repudiei a fala do Choy e disse da minha preocupação de uma reforma política comandada pela OAB e pela Igreja Católica.
Por quê?
Por pelo menos cinco questões para as quais não existem respostas.
VOTO DAS MULHERES – Os políticos decidiram em 1934 que as mulheres, em igualdade de condições com os homens, têm direito ao voto e a serem votadas. A Igreja não admite a ascensão das mulheres aos cargos superiores. Já pensou se resolvem adotar as regras da Igreja para a política?
DEMOCRACIA – A Igreja é aristocrática e não aceita a democracia, muito menos o voto universal e direto. E aí? Não precisaremos mais votar, então? Os da “elite” escolherão os nossos governantes?
COLÉGIO ELEITORAL – Há trinta anos os políticos enterraram o Colégio Eleitoral, mas a OAB, ainda hoje elege seu presidente nacional, via Colégio Eleitoral, e renega as eleições diretas. E aí?
TRANSPARÊNCIA DAS CONTAS – A OAB está desobrigada de prestar contas a qualquer órgão, embora seja uma autarquia. É essa a transparência que defendem?
DIREITO A SER VOTADO – Um bacharel em Direito faz o Exame da Ordem, se aprovado recebe sua carteira e passa a ser advogado, mas só tem direito a ser votado depois de cinco anos. Então, os jovens que tiram o seu título de eleitor aos 16 anos terão que esperar os 21 anos para poderem ser votados? É isso?
Data Vênia, mas é melhor que os políticos façam a reforma política.