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Empresário preso após jogar 100 mil reais pela janela diz que recebeu o dinheiro do senador; PF investiga compra de votos
Gabriel Castro
Na divisão de poder entre PT e PMDB em um eventual governo Dilma Rousseff, já é certo que os petistas ficarão com a presidência da Câmara e os peemedebistas, com o comando do Senado. Neste caso, um dos nomes que aparecem com mais força é o de Romero Jucá, o atual líder do governo na casa. Jucá é a cara do PMDB: não sabe o que é oposição. Foi figura importante nos governos de José Sarney, Fernando Henrique Cardoso e Luiz Inácio Lula da Silva.
Com vasta experiência política, o senador também acumula problemas. O mais recente envolve o empresário Amarildo da Rocha Freitas. Preso após jogar 100 mil reais pela janela do carro enquanto fugia de policiais federais, na semana passada, ele disse que recebeu o dinheiro de Jucá. Amarildo acabara de deixar um escritório do senador, em Boa Vista. A Polícia Federal acredita que, ao todo, 1, 1 milhão de reais aprendidos na operação fossem de propriedade de Romero Jucá. O destino dos recursos seria o deputado federal Uzeni Rocha (PSDB), que é irmão de Amarildo. E a principal suspeita é de que o dinheiro seria usado para compra de votos – o flagrante foi feito na véspera da eleição.
Os recursos apreendidos teriam sido desviados de contratos fraudulentos do governo de Roraima. No mesmo dia do flagrante, Jucá foi ouvido pela Polícia Federal (PF) e negou relação com o episódio. Agora, pode ter os sigilos fiscal e bancário quebrados e ser indiciado por compra de votos. Dias antes, um coordenador de campanha do senador havia sido preso com 80 mil reais. A assessoria do líder do governo nega qualquer ilegalidade. E, embora as denúncias não tenham sido capazes de impedir a reeleição do peemedebista, o histórico dele pesa contra.
Jucá já manteve sua filha como funcionária de seu gabinete. Foi acusado de receber propina para intermediar a realização de obras públicas em Roraima e de ter desviado recursos repassados pelo governo federal a uma entidade controlada por ele. Outra acusação é a de usar um laranja para adquirir um canal de televisão. O senador também responde a inquéritos por compra de votos e por desvios na prefeitura de Boa Vista. O senador nega as acusações.
Sobrevivência – Uma coisa é certa: Romero Jucá tem capacidade de sobreviver aos contratempos. O atual líder do governo no Senado faz parte do time de ministros de Lula demitidos por suspeitas de corrupção. Mas, ao contrário de Matilde Ribeiro, Luis Gushiken, Walfrido Mares Guia, Silas Rondeau, José Dirceu e Benedita da Silva, voltou a receber uma incumbência importante do governo. E agora já pensa mais alto.
No Congresso, tem o que Dilma Rousseff mais precisaria: influência e capacidade de articulação. Ele ajudou, por exemplo, a enterrar a CPI da Petrobrás. Terá de convencer os colegas, no entanto, que seu histórico desabonador não vai trazer mais problemas do que soluções.
Outra alternativa para o comando do Senado, defendida por parte da cúpula do PMDB, é Edison Lobão. O parlamentar maranhense está no quarto mandato. As acusações que pesam contra ele dizem respeito ao uso de verba de gabinete para pagar uma empregada doméstica, viagem para o exterior com recursos do Senado, uso do gabinete para praticar nepotismo cruzado.