Copa acontecerá sem “elefante branco”

vivaldaonovo

Sob o título acima CAIO LUIZ DE CARVALHO, Coordenador paulista para a Copa de 2014, em artigo hoje na FOLHA DE SÃO PAULO tratou do assunto de colocar dinheiro público na ampliação e reforma do Morumbi para que São Paulo sediasse a abertura da Copa do Mundo de 2014. Dias atrás pedi a reflexão sobre o tema tendo em vista que em São Paulo, com o orçamento muitas vezes maior do que o do Amazonas, eles pensam assim. Já aqui as coisas estão sendo encaminhadas de forma diferente. O artigo nos ajuda a fazer essa reflexão. Leiam abaixo:

“O governador Alberto Goldman deu declaração clara de que a Copa acontecerá em São Paulo e que queremos também a abertura, reiterando, no entanto, que recursos públicos não serão usados em construção de novos estádios na capital. Ele e o prefeito Gilberto Kassab aguardam apenas o final da Copa da África para agendar uma reunião com o Comitê Local da Fifa.

O governador, a exemplo do presidente Lula, também disse que achou estranho o veto ao Morumbi feito pela CBF para a Copa de 2014. Todos nós que apoiamos o Morumbi como estádio oficial da Copa em São Paulo desde o início achamos a decisão não só estranha mas também injusta e prematura.

Esse mesmo projeto, agora rejeitado, já havia sido aprovado pela Fifa para jogos até as oitavas de final. Ainda acredito no Morumbi como uma opção. Em São Paulo, o então governador José Serra, em 2007, junto com o prefeito Gilberto Kassab, decidiu pela indicação do Morumbi dentro de uma visão responsável, mostrando que o verdadeiro legado devem ser investimentos em infraestrutura e mobilidade urbana, gargalos maiores da capital paulista.

Enquanto discutimos estádios, vivemos um caos aeroportuário que dificilmente será equacionado até 2014. Esse sim é um ponto sério de atraso do governo federal, que pode comprometer aquilo que mais é preciso num país dependente do transporte aéreo: o deslocamento.

Governo de São Paulo e prefeitura sabem que um novo estádio público com capacidade para 70 mil pessoas -o exigido para sediar a abertura da Copa- está fadado a ser um caríssimo “elefante branco”. Vide o Engenhão. E, sem propostas palanqueiras, tentam o melhor para a cidade e sua população. Ao contrário do que publicou a Folha ontem, minhas críticas e suspeitas de maracutaias sobre interesses em um megaestádio novo não são direcionadas para o ainda projeto de Pirituba, nos planos da prefeitura desde 2006, mas para surpresas de que na “hora H” sobre para o bolso do contribuinte.

Em Pirituba está previsto um necessário novo centro de exposição e eventos para a cidade, que tem nas feiras e congressos uma grande geração de riqueza. Inclui no seu projeto original um megapavilhão de exposições, centro de convenções, auditórios, hotéis, shoppings e também arena para shows e jogos com 40 mil lugares. A Fifa não admite estádios que provisoriamente se transformem em 65 mil.

A construção de um superestádio na cidade, que custaria mais de R$ 1 bilhão, poderia até servir para a abertura da Copa de 2014, mas após o mundial ficaria ocioso. Não temos shows da Madonna toda semana, e a média de público do Campeonato Brasileiro não passa de 22 mil pessoas.

Já se imaginou o que acontecerá no dia seguinte à Copa 2010 com esses estádios suntuosos da África do Sul pagos com dinheiro público? Estudos recentes mostram que os últimos Jogos Olímpicos não deram lucro objetivo. Assim aconteceu com a Olimpíada de Atenas, em 2004, estimada em US$ 1,5 bilhão, mas que custou US$ 15 bilhões e mais US$ 100 milhões por ano para manter equipamentos ociosos. Por isso, é preciso trabalhar modelos mentais que gerem bônus. As maiores oportunidades para ganho não estão em estádios, como mostra a história, mas fora deles.

São Paulo, com sua história e tradição, é maior do que toda essa polêmica de estádios para 2014. O paulista sabe o que quer. A Copa de 2014 será muito bem-vinda à capital econômica do país. Declarações últimas da Fifa não admitem a possibilidade de São Paulo fora. Só temos que encontrar ponto de convergência entre São Paulo e a Copa, sem perder o juízo.”

CAIO LUIZ DE CARVALHO é coordenador do Comitê Paulista para a Copa de 2014, professor da FGV (Fundação Getúlio Vargas) e da Universidade Anhembi Morumbi. Foi ministro do Esporte e Turismo e presidente da Embratur (governo Fernando Henrique).

2 thoughts on “Copa acontecerá sem “elefante branco”

  1. Dizer que um estadio em São Paulo com capacidade para 70.000 pessoas será um elefante branco é pura hipocrisia, todos já sabem que o Pres. Lula quiz dá uma de João sem braço, queria mesmo era construir um novo estádio e entregar depois da Copa nas mãos do seu time de coração:Corinthians, mas o tiro saiu pela culatra.Quanto a dizer que o Engenhão é também um elefante branco, eu concordo em parte, afinal foi concedido ao Botafogo, um time sem torcida, que não conseguiriam lotar nem o SESI aqui no aleixo.

  2. Vamos acabar com as sacanagens sobre o Estádio a ser construido em Manaus e nos outros Estados da Copa.
    Pela Copa que estamos vendo, dá para sentir que os nossos estádios e pocilgas são a mesma coisa.
    Quem chamou a Copa de 2014 para o Brasil foram os brasileiros. O Presidente Lula encabeçou tudo. O Brasil tira 40% da renda do brasileiro todo ano. As empresas são muito sacrificadas com o “Custo Brasil”.
    O Estado tem que pagar pelos Estádios.Onde já se viu Estádio, no Brasil ou no mundo,construidos pela iniciativa privada para a iniciativa privada.Devolvam a Copa, Burros Paulistas!.O mundo quer
    O Governador de São Paulo, boçal como todo paulista, deveria dizer o seguinte:
    – Nós precisamos dos Estádios, o que não precisamos é dos ladrões que os construirão.

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