Congresso Internacional discute Pan-Amazônia

Por Osiris Silva:

O Centro Internacional Celso Furtado de Políticas para o Desenvolvimento (CICEF), sediado no Rio de Janeiro, realiza em Manaus, nesta quinta e sexta-feira, 15 e 16, seu 3º Congresso Internacional sobre o tema “Amazônia Brasileira e Pan-Amazônia: riqueza, diversidade e desenvolvimento humano”. O conclave, que terá lugar na Faculdade de Estudos Sociais, do curso de Ciências Econômicas, da Universidade do Amazonas (UFAM), será aberto às 10 horas de amanhã pelo presidente do CICEF, senador Saturnino Braga. Em seguida, a embaixadora Maria Jacqueline Mendoza Ortega, Secretária-Geral da Organização do Tratado de Cooperação Amazônica – OTCA irá apresentar a Conferência Magna de Abertura sob o tema “Panamazonia y el futuro de America de Sur”, mediada pela professora Rosa Freire d’Aguiar Furtado, membro do CICEF.

A realização do evento no coração da Amazônia reveste-se de especial significado ao proporcionar oportunidade a diversas correntes de pensamento discutir a região segundo sua abrangência pan-amazônica. Um conjunto sociocultural, econômico e geopolítico integrado por oito países, com superfície de 7,5 milhões de quilômetros quadrados, correspondente a mais de 40% da América do Sul, cuja população alcança 30 milhões de habitantes.

De acordo com o pensamento de Saturnino Braga, expresso na fundamentação do Congresso, o desenvolvimento da Amazônia sempre foi considerado, salvo em poucos e curtos períodos, como uma questão meramente regional. Face ao advento das questões ecológicas como condicionantes do desenvolvimento global a região tornou-se item regular nas preocupações internacionais dado os efeitos que seu comprometimento ambiental pode ter nos ciclos biogeoquímicos do planeta.

Importante o reconhecimento de que a Amazônia, de questão regional tornou-se questão internacional sem ter sido, de forma efetiva, questão brasileira ou pan-amazônica. Com efeito, hoje senso comum, afiança Braga, é hora de assumir esta responsabilidade e formular diretrizes para um processo de desenvolvimento sustentável que respeite os condicionantes ecológicos, que propicie melhorias na qualidade de vida de seu povo, que possibilite a mobilização de seu imenso patrimônio biológico, mineral, energético, e de conhecimento autóctone, como capital estratégico gerador de riqueza. Tal processo precisa se fundamentar em Ciência, Tecnologia e Inovação (C,T&I) comprometidas com a geração e uso econômico do conhecimento, em natural associação a toda Pan-Amazônia.

O “fazer científico”, salienta Saturnino Braga, “na e sobre a Amazônia” precisa estender suas conquistas para o equacionamento desse grande desafio: produzir e usar adequadamente tecnologia e inovação visando dar sustentação a uma economia saudável ambientalmente e justa socialmente. Mais ainda, observa, avulta a necessidade de consolidar o entendimento segundo o qual o desenvolvimento da Amazônia Brasileira não pode ocorrer em desconexão com as porções amazônicas dos demais países que a integram. Efetivamente, há outros vínculos com potenciais virtuosos entre o Brasil e os demais países da Pan-Amazônia: cultura e história comuns, um mercado relevante para trocas internacionais, a condição de serem fronteira de recursos e região pivô da agenda geopolítica internacional.

O 3º Congresso Internacional do Centro Celso Furtado debaterá essa temática reunindo um time de especialistas de renome nacional e internacional que discutirão temas como: A Pan-Amazônia e a Amazônia Brasileira, Saúde dos povos tradicionais; Questões do direito: biotecnologia, direito ambiental e questão fundiária;  O desenvolvimento da Amazônia e a soberania nacional,  Ciência e desenvolvimento na Amazônia,  Cadeias globais de valor, Áreas Econômicas Especiais e inserção da Amazônia,  Os potenciais hídricos da Amazônia e o futuro energético do Brasil,  A política externa e a Amazônia.

 

Manaus, 14 de setembro de 2016.