É muito perigoso você ser contra ou a favor de alguma coisa sem ter ouvido pelo menos uma opinião divergente. Mais perigoso ainda é você já escolher um lado sem ao menos ter lido o texto. Também é muito delicado você deixar que a emoção se sobreponha a razão.
Faço essas considerações iniciais sobre o debate em torno do Código Florestal. O debate está emocionalizado, a maioria esmagadora das pessoas não leu nem o atual Código Florestal (Lei nº 4.771/65), muito menos o Relatório Aldo Rebelo, mas já têm posição fechada. Uns contra, outros a favor. E o que é pior: cobrando dos demais que “saiam de cima do muro”.
Estabeleceram-se dois pólos. De um lado, os “ambientalistas” e de outro os “ruralistas”, como se fossem as duas únicas visões possíveis numa questão tão ampla. Quem entrar no debate e ponderar posições vai ser acusado de estar de um lado, ou de outro, sem que isso seja verdade. É como se o mundo fosse um maniqueísmo só do tipo Garantido ou Caprichoso. Vermelho ou Azul. Não é assim. Temos muitas cores e todas devem merecer respeito pelo que significam.
No meu entender essa questão é tão complexa, o Brasil é um país tão diverso, com pelo menos cinco regiões bem diferentes uma das outras que esse tema merece ser muito mais discutido para que se possa chegar a uma conclusão.
Se existe uma data fatal de penalidades que se prorrogue, porque em verdade não temos discussão acumulada para chegarmos ao ponto do senso comum. A regra para sul/sudeste não pode ser a mesma para a Amazônia. Ou será que as regiões são iguais? Não são.
Pouca gente sabe, por exemplo, que se for seguido à risca o atual Código o homem da Amazônia não poderia mais habitar as margens dos rios, muito menos plantar a mandioca para sua sobrevivência. Isso é razoável? Não é, mas é a lei. Por ela, 500 metros da margem do rio não pode haver nada além da floresta, ou seja, para cumprir a lei vamos começar derrubando o Tropical Hotel.
Na direção de que é preciso debater mais, sugiro a quem queira participar dessa discussão que comece lendo o atual Código – Lei nº 4771/65 – e conheça o Relatório Aldo Rebelo.
Quando todos tiverem lido, vamos avançar no debate. Agora ser contra, ou a favor, sem nem ao menos ler, não dá.
Muito bem, Sarafa, ler os textos para poder discutir. Mas eu acrecentaria que as pessoas saíssem de seus gabinetes e apartamentos e visitassem alguns locais. As varzedas do rio Amazonas/Solimões por exemplo, que nada tem a ver com outros tipos de várzeas. Nessas margens, 500 metros, como querem, na maioria dos locais chega-se a um lago, gapó ou chavascal. Se a lei fosse daquelas que “pegam”, milhões de ribeirinhos teriam que ser retirados das margens desses rios. Seriam os primeiros refugiados do meio ambiente, e não alguns milhares de alguma iha perdida no Pacífico. Cada local tem seus problemas. Em tempo, como ficaria as avenidas marginais nas capitais brasileiras? O Prosamim? Seriam quebrados e reflorestados? Criar obrigações para os outros cumprirem é uma coisa, assumir suas próprias responsabilidades, é outra coisa.