A Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) levou, dia 7 de dezembro último, o posicionamento do “agrobusiness” brasileiro para a 25ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP 25). O evento, que teve como slogan o desafiante Time for Action (Hora da Ação), realizou-se em Madrid, Espanha, de 2 a 13 de dezembro. Dele participaram líderes mundiais de quase 200 países, totalizando cerca de 29 mil pessoas, dentre as quais mais de 50 chefes de Estado.
A CNA, por meio do documento “Position Paper da Agropecuária para a 25ª Conferência das Partes da Convenção”, externa para os negociadores brasileiros e internacionais, a ONU e os compradores dos produtos agropecuários e agroindustriais do Brasil, “o posicionamento e as expectativas do setor em relação à cúpula do clima”, afirmou o presidente da Comissão Nacional de Meio Ambiente da CNA, Muni Lourenço Jr., também presidente da Federação da Agricultura e Pecuária do Amazonas (FAEA).
No documento, a Confederação reitera o compromisso do produtor rural com a redução das emissões de gases de efeito estufa com adoção de tecnologias de baixa emissão de carbono e boas práticas agrícolas e pede que a comunidade internacional reconheça os esforços já realizados pelos produtores brasileiros como ações antecipadas de mitigação. Demonstra, de forma direta e fundamentada que “a conservação da vegetação nativa em áreas privadas no Brasil chega a 218 milhões de hectares, área equivalente à superfície de 10 países europeus, de acordo com dados do Cadastro Ambiental Rural (CAR)”.
De acordo com a visão da CNA, coincidente com a do Ministério da Agricultura e Pecuária, “o produtor rural brasileiro adota cada vez mais tecnologias para melhorar a rentabilidade com sustentabilidade ambiental, mostrando que o Brasil conseguiu construir um modelo de crescimento rural de forma verticalizada, poupando área e respeitando o meio ambiente”, ressaltou Lourenço. Outro importante aspecto do posicionamento da CNA diz respeito à “necessidade dos países maiores emissores de gases de efeito estufa financiarem, por meio de projetos de cooperação, doações ou transferência de tecnologias, ações de adaptação de outros países como o pagamento por serviços ambientais”.
De acordo com o estudo da Confederação “o tema, inclusive, está previsto no artigo 6.4 do Acordo de Paris”. O documento destaca, por outro lado, “que o setor privado está comprometido com a transformação agropecuária por meio de projetos que permitam incorporar tecnologias e ações para uma produção mais resiliente”. Muni Lourenço Jr., a propósito, salienta o claro e inarredável compromisso assumido pelo agro brasileiro, o de “aumentar a geração de bioenergia e biocombustíveis a partir da biomassa da cana-de-açúcar para substituir a matriz de combustíveis fósseis”.
Esse conjunto de ações fundamenta-se no desenvolvimento de pesquisas e desenvolvimento (P&D), capitaneadas pela Embrapa, universidades e centros de pesquisas especializados, organizações responsáveis pelo grande salto do setor primário brasileiro nos últimos 50 anos. Outros vetores propulsores devem ser destacados, tais como: Zoneamentos Ecológico Econômicos (ZEEs), programa do governo Federal implementado pelo Ministério da Agricultura e Pecuária em todo o Brasil, menos no Amazonas; modernização da extensão rural (assistência técnica de qualidade prestada ao homem do campo), regularização fundiária, crédito especializado e disseminação de pacotes tecnológicos (sistemas de produção) desenvolvidos de acordo com as vocações econômicas apontadas pelos ZEEs.
Indicativos seguros acerca dos caminhos que, penso eu, o Amazonas, mirando a matriz econômica ZFM-2073, deve percorrer tendo em vista a consolidação do setor primário como um dos mais importantes vetores na direção do desenvolvimento sustentado e integrado ao processo de modernização do Polo Industrial de Manaus (PIM) adequado à quarta revolução industrial (4.0).