O governo chinês anunciou nesta segunda-feira (11/4) a abertura de mercado para a carne suína brasileira. Em reunião na noite de hoje (horário local – mais 11 horas em relação ao fuso de Brasília) em Pequim, o ministro da Administração-Geral de Qualidade, Inspeção e Quarentena da China, Zhi Shuping, informou ao ministro da Agricultura do Brasil, Wagner Rossi, a aprovação inicial de três frigoríficos nacionais exportadores de suínos. A liberação ocorreu apenas cinco meses depois da vinda de missão chinesa ao Brasil para inspecionar 13 indústrias.
Com a decisão, o Brasil venderá o produto pela primeira vez para os chineses. Wagner Rossi, que integra comitiva da presidenta Dilma Rousseff, desembarcou hoje em Pequim, onde dá continuidade às negociações para ampliação do comércio bilateral.
O aumento dos embarques de carnes representa agregar valor a matérias-primas, como farelo de soja e milho, usados na alimentação do rebanho suíno e de aves. “A decisão do governo da China representa uma oportunidade imediata como também de rápido crescimento para o futuro. Os chineses respondem por 50% da carne suína produzida no mundo, porém estão cada vez mais aumentando a renda per capita e devem ampliar o consumo de carnes”, diz o secretário de Relações Internacionais do Agronegócio, do Ministério da Agricultura, Célio Porto.
No encontro com o ministro chinês, Wagner Rossi também comemorou a confirmação de missão do país, na primeira quinzena de maio, ao Brasil para inspecionar processo de cultivo, armazenamento e transporte das folhas de tabaco baianas e alagoanas. Os estados são livres da doença mofo azul, pré-requisito do governo chinês para começar os embarques do produto. Atualmente, o Rio Grande do Sul é o único estado brasileiro que exporta tabaco para a China.
Uma outra equipe de técnicos virá na mesma época para conhecer o sistema de plantio de milho. Hoje, o Brasil já exporta o grão para os chineses, mas o governo local demonstrou interesse em estabelecer um protocolo bilateral para ampliar as compras do produto. As missões foram acertadas durante os encontros da delegação de técnicos brasileiros que está na China desde o dia 5 de abril. Antes dessa visita, os chineses ainda anunciaram a habilitação de cinco frigoríficos brasileiros exportadores de carne bovina in natura.
Comércio bilateral
Desde 2008, a China é o principal comprador de produtos agropecuários brasileiros. Nos últimos três anos, exportações brasileiras para a China cresceram 214%, passando de US$ 3,5 bilhões em 2007 para US$ 11 bilhões em 2010. O complexo soja (óleo, grão e farelo) lidera as compras chinesas, com US$ 7,9 bilhões ou 20 milhões de toneladas. Dos três subprodutos, o grão representa a maior parcela das importações – US$ 7,1 bilhões. O Brasil também exporta para a China produtos florestais (madeira, cortiça, celulose e subprodutos) totalizando US$ 1,28 bilhão.
O valor total das exportações do complexo sucroalcooleiro, que compreende açúcar e etanol, é de US$ 514,77 milhões, sendo US$ 514,76 milhões referentes à importação de açúcar. A China também importa carne bovina e de frango do Brasil. No ano passado, as importações do produto renderam US$ 225,6 milhões, dos quais US$ 219,6 milhões referem-se à carne de frango. No ano passado, o Brasil foi o principal fornecedor de carne de aves para os chineses.
Suínos brasileiros
Estudos e investimentos na suinocultura posicionaram o Brasil em quarto lugar no ranking de produção e exportação mundial de carne suína. Alguns elementos como sanidade, nutrição, bom manejo da granja, produção integrada e, principalmente, aprimoramento gerencial dos produtores, contribuíram para aumentar a oferta interna e colocar o país em destaque no cenário mundial.
Especialistas brasileiros também investiram na evolução genética da espécie por 20 anos, o que reduziu em 31% a gordura da carne, 10% do colesterol e 14% de calorias, tornando a carne suína brasileira mais magra e nutritiva, além de saborosa.
Consequência de investimento, a produção vem crescendo em torno de 4% ao ano, sendo os estados de Santa Catarina, Paraná e Rio Grande do Sul os principais produtores de suínos do país. Atualmente, o Brasil representa 10% do volume exportado de carne suína no mundo, chegando a lucrar mais de US$ 1 bilhão por ano.
Comentário meu: As vozes que pregam barreiras alfandegárias para os produtos chineses vão ficando cada vez mais isolados. Os chineses são os maiores destinatários das nossas exportações, o que tem garantido ao Brasil saldos importantes na balança comercial e não há como erguermos qualquer barreira na nossa relação comercial. O Brasil age certo quando procura ampliar a nossa pauta de exportação como faz agora com a carne suína. No segundo momento, e isso é um processo, vamos estar vendendo produtos e subprodutos de carne suína, ou seja qualificando a nossa pauta de exportação.