Da Folha.com, por Katia Brasil
A Justiça Eleitoral do Amazonas determinou ontem (18) a quebra do sigilo bancário da empresa A.C Nadaf Neto Assessoria e Comércio Exterior, acusada pelo PSDB de intermediar um suposto esquema de compra de votos a favor dos senadores eleitos Eduardo Braga (PMDB) e Vanessa Grazziotin (PC do B), que negam a existência do esquema.
O juiz Victor Liuzzi Gomes acatou um pedido do Ministério Público Eleitoral, mas negou a quebra de sigilo bancário dos diretórios amazonenses do PMDB e do PC do B.
Na decisão, o juiz intimou Bradesco a apresentar a lista de nomes e CPF de todos as pessoas contratadas pela empresa A.C. Nadaf.
Segundo a denúncia, empresa pagou para mais de 6.000 cabos eleitorais quantias que variavam de R$ 600 a R$ 1.200, por meio de cartões que permitiam saque no Bradesco. Com esse dinheiro, teriam sido comprados votos, por R$ 50 cada um, no dia da eleição.
A empresa pertence ao servidor público municipal Abrahim Calil Nadaf Neto. Desde 2007, ele trabalhava na Casa Civil do governo do Amazonas. O chefe do órgão antes das eleições era Raul Harmonia Zaidan, coordenador financeiro das campanhas de Braga e Vanessa. Eles negam a denúncia.
Na semana passada, o juiz federal Márcio Luiz Coelho de Freitas determinou busca e apreensões de documentos nos comitês dos candidatos, na empresa e na casa de Nadaf Neto.
Segundo a Polícia Federal, na casa dele foram apreendidos 62 cartões do Bradesco em nomes de cabos eleitorais e 20 computadores.
A reportagem não localizou Nadaf Neto para falar sobre a decisão da Justiça.
Raul Zaidan falou em nome dele e disse que entregou ao Ministério Público Eleitoral a lista dos cabos eleitorais contratados e os extratos bancários da empresa Nadaf. Segundo Zaidan, não houve compra de votos, e sim a contratação, dentro da lei, de cabos eleitorais.