Por Marcelo Ramos:
O cenário da saúde pública no AM é preocupante.
Redução de investimentos (24,98% em 2009 e 19% em 2012), graves problemas de gestão, desmonte das carreiras de saúde, principalmente a carreira médica – substituídas pela contratação de cooperativas -,terceirização de serviços para empresas inidôneas que não cumprem suas obrigações contratuais e nem trabalhistas e um sistema de regulação – SISREG – ineficiente e, dizem, burlado por interferências políticas. A conseqüência é o péssimo e desumano serviço prestado à população.
Nesse cenário em que cirurgias são adiadas por falta de equipamentos, leitos ou mesmo equipe, consultas com especialistas demoram meses, médicos, enfermeiros, auxiliares de enfermagem sofrem com a sobrecarga decorrente do desmonte do serviço público, pena o povo mais humildade que depende do SUS.
Dois fatos são simbólicos da grave crise de gestão e de humanidade do sistema de saúde do Amazonas.
O Centrinho – unidade de tratamento de fissurados (lábio leporino) – há meses não realiza cirurgias por conta de falta de pessoal e de equipamentos, a despeito de consumir R$ 1,9 milhão por ano num convênio com uma entidade não governamental.
Outro fato, é história do garoto Izaquiel, portador de paralisia cerebral, que mesmo após decisão judicial da Dr. Rebeca Mendonça de Lima determinando que o Estado pague o tratamento fisioterápico fora do Estado, não recebe o atendimento porque a SUSAM prefere pagar a multa judicial num valor maior que aquele que gastaria com o tratamento.
Constrange-me receber pedidos para interceder em procedimentos que são obrigações da SUSAM. As pessoas merecem um tratamento digno e não ter que ligar pra um político pra conseguir cirurgias, exames, medicamentos ou consultas que o Estado tem o dever de oferecer.
Por fim, Secretário, permita-me fazer uma pergunta: o senhor consegue dormir sabendo que, por sua responsabilidade, crianças fissuradas estão sem cirurgia e que uma criança com paralisia cerebral tem um tratamento interrompido?
Se não consegue, resolva isso! Se consegue, peça demissão!