Do site do TJAM por Mario Adolfo Aryce
Desembargadora diz que, se algum mérito teve na vida, foi o de ter sempre acreditado na Justiça e a ela ter se dedicado
A dedicação à magistratura, o senso de justiça, a força espiritual e a gratidão foram os atributos da personalidade de desembargadora Liana Mendonça mais destacados durante a outorga da Medalha de Ouro Cidade de Manaus que lhe foi conferida pela Câmara Municipal de Manaus (CMM), por propositura da vereadora Lúcia Anthony (PCdoB).
A ‘Medalha de Ouro Cidade de Manaus’ é a mais alta condecoração concedida pelo Poder Legislativo Municipal da capital amazonense a um cidadão. A comenda, instituída em 1981, é conferida aos cidadãos nascidos ou não em Manaus que tenham prestado relevantes serviços à comunidade por mais de dez anos e cuja vida seja irrepreensível.
“Esta homenagem não é da vereadora e nem do Parlamento, mas, sim, da cidade de Manaus, atendendo a um pedido de suas colegas de careira jurídica”, disse Lúcia Antony ao saudar a homenageada da tribuna. Filha da desembargadora, a procuradora Anabel Belém emocionou a solenidade ao fazer um “raio-x” perfeito da personalidade da mãe, chegado a cantar, da tribuna, a música “Terra de Ajuricaba”, de autoria e seu pai, o escritor João Mendonça de Souza.
Antes de receber a comenda, Liana disse que fez da carreira jurídica o seu sacerdócio, chegando a renunciar “a tudo na vida” para seguir em frente na judicatura.
― Dentre as homenagens que já recebi, esta certamente é uma das mais significativas porque concedida pelos representantes do povo da nossa cidade, e que traz o nome da nossa querida Manaus – disse a magistrada.
Liana Mendonça chegou à Câmara por volta das 9h30, sendo recebida pelo presidente da Casa, vereador Isaac Tayah. A solenidade teve início às 10h e contou com a presença do presidente do TJAM em exercício, desembargador Domingos Chalub e da presidente do Tribunal Regional Eleitoral (TRE-AM), desembargadora Graça Pessoa Figueiredo. A Assembleia Legislativa foi representada pela deputada Conceição Sampaio. A arquidiocese de Manaus foi representada pelo padre Mauro Cleto, chanceler da Cúria; e o Comando Militar da Amazônia (CMA) pelo Maj. Márcio Damião Tanaka.
Também se fizeram presentes à solenidade os ex-presidente do TJAM, Neuzimar Pinheiro, Paulo Feitosa, Roberto Aragão, Arnaldo Carpinteiro Péres e os atuais desembargadores Cláudio Roessing, Paulo Lima e Yêdo Simões.
Representando o presidente do TJAM, desembargador João Simões – que não pode participar da homenagem devido a compromisso no CNJ – o presidente em exercício, Domingos Chalub, disse que a desembargadora Liana foi a orientadora de todos os advogados que, como ele, estavam iniciando na carreira jurídica. “Ela nos orientava numa causa concreta, sem perder a autonomia do julgamento”, lembrou o desembargadora, dizendo que durante toda a sua vida vai reconhecer a desembargadora como sua “madrinha” na carreira jurídica.
O ministro do STJ, Mauro Campbell, enviou mensagem de Brasília-DF, afirmando que a “cidadania deve muito à desembargadora Liana Mendonça, que foi a segunda mulher de carreira jurídica a assumir a desembarcatória”.
CARREIRA VITORIOSA
Liana Belém Pereira Mendonça de Souza iniciou e desenvolveu sua escolaridade fundamental e média no Colégio Santa Dorotéia, em Manaus. Concluiu o curso pedagógico e bacharelou-se em Direito pela Universidade Federal do Amazonas na turma de 1970. Ingressou na magistratura, através de concurso público, quando foi nomeada para o cargo de juiz de Direito titular da comarca de Eirunepé em 1974. Em 1975 foi removida para a comarca de Itacoatiara como titular da 2ª Vara e designada, cumulativamente, para exercer as funções de Diretora do Fórum da referida comarca, quando teve oportunidade de fazer significativas ampliações no imóvel sede.
Por decreto Governamental, em 1978, foi promovida para o cargo de 2ª Entrância da comarca de Manaus. Exerceu o cargo de desembargadora de onde saiu para a compulsória.
Atualmente preside a Associação Brasileira das Mulheres de Carreira Jurídica Regional do Amazonas (ABMCJ-AM), já no 3° mandato, Também é Vice-Presidente da Academia de Letras, Ciências e Artes do Amazonas – ALCEAR.
Em seu discurso, Liana disse que cedo aprendeu a cultivar a gratidão, virtude que, segundo ela, está se tornando se tornando cada vez mais escassa nesses tempos “pragmáticos e rudes”.
― São tempos marcados pelo egoísmo, pela negação dos valores éticos, pelo desamor ao próximo e pela violência – lamentou a desembargadora.
Ele disse ainda que não entraria no mérito da escolha de seu nome para a homenagem, porque a “generosidade anda pelos caminhos do coração e não devemos discutir as razões do coração”.
― Mas, creiam que as palavras não são capazes de traduzir o quanto o gesto de vossas excelências me emocionou, escolhendo o meu nome, que se algum mérito teve na vida, foi o de ter sempre acreditado na Justiça, a ela se dedicando por inteiro, com todos os percalços e os sacrifícios que a carreira de magistrado nos impõe – agradeceu a homenageada.
A cerimônia foi encerrada com o discurso do presidente da CMM, vereador Isaac Tayah.