A economia nacional, outrora em forte estágio de avanços, hoje, com uma indústria em frangalho e em recessão, vive dramático processo de perda de competitividade internacional praticamente irrecuperável. O quadro conjuntural adverso decorre, desgraçadamente, do exacerbado sistema populista de governo implantado pelo ex-presidente Lula da Silva em 2003 para o qual somar, diminuir, multiplica e dividir pouco significam. Subjugado à insanidade de um projeto de poder espúrio, o governo, nos 13 anos da era petista não deu a mínima ao equilíbrio orçamentário, o que levou o País a mergulhar numa crise fiscal sem precedente.
Na verdade, o Brasil é Ph.D. em crises. Desde o golpe civil/militar que depôs D. Pedro II em 1889, e instaurou a República, conflitos políticos se sucedem. O crescimento do País se processa a solavancos, sem consistência e estabilidade de longo prazo. A cada crise um novo plano econômico emerge das cinzas. Desde a renúncia de Jânio, em 1961, porta de entrada do regime militar em 1964, o País não repetiu a performance econômica da era Juscelino Kubistchek (1956-61). O próprio governo militar, esgotado o “milagre” dos anos 1970, sucumbiu, vergou-se ao peso de suas contradições históricas. Isolado e sem apoio popular, alcançou seu fim inevitável em 1985.
Contudo, no auge do Milagre Econômico, sob a égide do todo poderoso ministro da Fazenda, Delfim Neto, o Brasil, governado pelo general Garrastazu Médici (1969/1974), experimentou forte crescimento da economia, com o Produto Interno Bruto (PIB) chegando a expandir-se em média 7% a 13% ao ano. Em 2016 decresceu 3,15%. Extraordinários avanços ocorreram na infraestrutura do País alavancados pelo PAEG (Programa de Ação Econômica do Governo) implantado em 1964 durante o primeiro governo militar do general Castello Branco (1964-1967). O PAEG produziu aumento do nível de emprego e renda, consequência direta dos investimentos nos setores de infraestrutura, e do excepcional nível de crescimento industrial baseado sobretudo em investimentos nos setores de siderurgia, geração de eletricidade e indústria petroquímica.
Elevada inflação – entre 15% e 20% ao ano -, aumento do endividamento externo, que sustentou o “milagre”, bem como a crise mundial derivada do “choque do petróleo” de 1973, que provocou elevação dos preços internacionais dos combustíveis em mais de 400% (de US$ 3.00 para US$ 12.00 o barril) refletiu-se negativamente sobre a balança comercial, que passou a apresentar crescentes e incontroláveis déficits. O fim da euforia do “Brasil ame-o ou deixe-o”. A trajetória de crises, todavia, não parou por aí. Vieram outras, como as dos governos José Sarney (1985-1990) e Collor de Melo (1990-1992), superadas pelo Plano Real posto em marcha no governo Itamar Franco (1992-1995) e Fernando Henrique Cardoso (1995-2003). Por fim, a crise atual produzida por Lula da Silva e Dilma Rousseff, a partir de 2003.
O Brasil precisa aprender, com bom senso e responsabilidade, a canalizar energias ao equilíbrio fiscal; distinguir planos, programas e projetos direcionados aos interesses maiores da nação daqueles restritos a grupos nanicos que se imaginam todo-poderosos. Felizmente, pelo bem geral da nação, não resistem aos trancos da história. Espera-se que as lições do passado levem o governo a se comprometer com o que realmente interessa: o crescimento econômico e social. Moralizar as instituições via implacável combate à corrupção é um passo importante. O ex-presidente e sociólogo Fernando Henrique Cardoso defende continuamente em seus artigos a necessidade de combater “o desmazelo administrativo sem precedentes e a traição dos que, em nome dos pobres, serviram não ao grande capital em seu conjunto, mas ao capital próprio e ao dos amigos” e a “olhar mais à frente e tratar de assegurar um lugar ao Brasil numa nova fase da globalização, pois são as perspectivas de crescimento de longo prazo que importam”.