Por Osíris Silva:
A quem interessa o caos instaurado no país em decorrência das gravações alusivas às conversas do empresário Joesley Batista, da JBS, com o presidente Michel Temer em março deste ano? A conversa, revelada pelo Supremo Tribunal Federal (STF) na quinta-feira, 18, conduziu o chefe da nação à uma situação política e jurídica delicadíssima. Além de haver desestabilizado o Brasil, gerou crise de enormes proporções num momento em que os resultados da equipe econômica começam a aparecer.
O comportamento de Temer foi altamente comprometedor, não há dúvida. Assunto a ser tratado judicialmente no âmbito do Congresso Nacional e do Supremo Tribunal Federal (STF) sem configurar razão objetivo para travar o país. Uma coisa é uma coisa; outra coisa é outra coisa. Os erros presidenciais, ao que tudo indica, podem estar determinando seu afastamento do poder. Todavia, não deviam interferir no andamento das reformas em curso no Congresso Nacional. Péssimo momento vive o Brasil. Não devia estar passando por mais este vexame.
Tirar Michel Temer da presidência da República em momento tão crítico, embora talvez inevitável é altamente contraproducente, extremamente prejudicial à política econômica sustentada pelas medidas saneadoras e as reformas: PEC dos gastos, Trabalhista e da Previdência ora em curso. Temos uma equipe econômica de alto valor, respeitada internacionalmente, diferente da conduzida pelo atrapalhado e tartamudeante Guido Mantega nos governos Lula da Silva e Dilma Rousseff, que arrastou o país à mais grave crise de sua história.
Política que deixou como herança a prolongada recessão vivida pelo Brasil, o retorno da inflação, as pedaladas fiscais, que conduziram à desestruturação das contas públicas; a disparada do desemprego, que já atinge mais de 14 milhões de brasileiros, a quebra da Previdência, da Petrobras, da Caixa, além de graves denúncias que pesam sobre o BNDES. Em meio a tudo isso, Lula e Dilma permitiram a instalação em Brasília da maior quadrilha de facínoras, corruptos e corruptores, de que se tem notícia na história do país.
Precisa, pelo bem da nação, ser entendido que as reformas obedecem dinâmica própria por se tratarem de questão de Estado, não de governo. Governos passam, o Estado é permanente. Os governos do PT deviam ter seguido o calendário da reestruturação econômica conduzida com êxito pelo Plano Real. Não o fizeram. O Brasil seria outro hoje. Ao contrário, renderam-se ao populismo bolivariano e à corrupção. Os resultados desse desvio são altamente danosos. Diante da conjuntura nacional, as reformas, sobretudo a da Previdência, configuram passo decisivo, obrigatórias. Sem se prender a conveniência populistas de curto prazo, exigem, todavia, coragem, determinação, visão de estadista.
Os números são por demais desfavoráveis. De acordo com o TCU e o INSS, o déficit da Previdência (União e estados) alcançou R$ 316,5 bilhões em 2016. Um crescimento de 44,4% em relação a 2015. O rombo só não foi mais acentuado por que os municípios apresentaram superávit de R$ 11,1 bilhões (65,7% melhor do que saldo geral positivo de R$ 6,7 bilhões alcançado em 2015). Como resultado, o déficit geral foi reduzido a R$ 305,4 bilhões. A situação para o exercício corrente é de acentuado crescimento desse rombo. Estima o governo que o déficit global de 2017 deverá superar R$ 380 bilhões.
Não se pode perder o foco sobre o estado de terra arrasada em que os governos Lula e Dilma deixaram o País. A voracidade de quadrilhas flagradas no Mensalão e no Petrolão golpeou gravemente a economia, produzindo efeitos devastadores difíceis de serem sanados tão cedo. Átila, o Huno, também conhecido como Praga de Deus ou Flagelo de Deus, não teria feito melhor. Consequentemente, o governo atual, de transição ou não, terá que cumprir a inglória e exaustiva tarefa de refazer tudo. A nação brasileira exige, agora mais do que nunca, responsabilidade política acima de conveniências partidárias.