Na hora em que as coisas apertam aí o Paulo Guedes vira defensor da Amazônia. Como diria o outro: Me engana que eu gosto.
Serafim Corrêa
Fonte: Folha UOL
Em meio a recordes de desmatamento e queimadas no país, o ministro da Economia, Paulo Guedes, afirmou nesta segunda-feira (13) que o Brasil alimenta o mundo preservando o meio ambiente. Para ele, países se “escondem atrás de políticas protecionistas” ambientais enquanto condenam o Brasil.
Em videoconferência promovida pela OCDE (Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico), Guedes pediu ajuda a outras nações para promover políticas de preservação, mas disse que a soberania do país precisa ser mantida.
“O Brasil é um país que alimenta o mundo preservando seu meio ambiente. Se há excessos e há erros, corrigiremos. Não aceitaremos o desmatamento ilegal, a exploração ilegal de recursos. O Brasil é um país continental, a Amazônia é maior do que a Europa, é difícil vigiar tudo, é difícil monitorar tudo” disse.
“Nós pedimos compreensão à comunidade mundial. Muita gente se esconde atrás de políticas protecionistas para seus próprios recursos natuais, sua agricultura, condenando o Brasil. Há interesses protecionistas condenando o Brasil, em vez de ajudando o Brasil”.
Em junho, a Amazônia teve mais uma alta de desmatamento em relação ao ano anterior, sendo o maior registro desde 2016. Foi o 14º mês seguido de aumento de desmate no bioma.
O crescimento ocorre mesmo com a ação Verde Brasil 2, que colocou o Exército na floresta para ajudar no combate ao desmatamento, e com a pressão de investidores internacionais por ações do governo para combate ao desmate.
A região também teve alta dos focos de incêndio. A alta ocorre em relação a 2019, ano marcado pelas queimadas que chamuscaram a imagem ambiental internacional do Brasil.
Movimento similar foi observado no Pantanal, que teve recorde histórico de queimadas mesmo com a pandemia do novo coronavírus.
No encontro, o ministro disse que o Brasil preserva o meio ambiente e os povos indígenas. Ele pediu apoio “para fazer isso melhor”.
“Queremos ajuda, queremos compreensão, reconhecemos a importância da preservação ambiental, mas sabemos que somos o povo que melhor preservou seus recursos naturais até hoje”, afirmou.
A reunião virtual de ministros da América Latina debateu os efeitos da pandemia do novo coronavírus sobre a inclusão social e a informalidade no mercado de trabalho.
Guedes fez um panorama sobre o programa planejado pelo governo para a retomada da atividade após a pandemia.
Segundo ele, programas sociais serão concentrados para que seja criado um sistema de renda básica mais amplo do que o Bolsa Família.
Sem detalhar o programa, que vai se chamar Renda Brasil e ainda está em modulação no ministério, Guedes afirmou que a assistência terá uma “rampa de ascensão social”, sendo acoplada ao novo programa de empregos de baixo custo formulado pelo governo. A informação foi antecipada pela Folha.
“Nos bons programas sociais, você conta não só quantas pessoas entram, mas quantas pessoas saem para o mercado formal de trabalho”, disse.
Guedes também mencionou o Imposto de Renda negativo, que deve ser proposto na reforma tributária. Nesse modelo, pessoas que recebem menos do que um certo patamar de remuneração têm direito a uma compensação do governo.