A primeira reunião do CDES (Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social), apelidado de “Conselhão”, do Governo da presidenta Dilma Rousseff foi altamente esclarecedora e profícua em relação a alguns importantes temas que dominam a pauta nacional neste início de 2011.
Serviu, especialmente, para esvaziar uma certa onda pessimista que se criava no país em relação a temas sensíveis, notadamente os fundamentos de nossa economia e os preparativos para a Copa-2014.
De fato, com lampejos de histerismo em alguns noticiários, a grande imprensa procura criar, seguidamente, a sensação de que estamos começando a derrapar.
Para tanto, utiliza-se principalmente da formação de expectativas em relação à inflação e dos avanços que precisamos ter para sediar a Copa-2014 adequadamente.
Antes da reunião do CDES, a presidenta Dilma já havia afirmado que seu governo não se despreocupará da inflação. Mas na própria reunião, o recado aos catastrofistas foi mais assertivo: o que eles apontam como grandes dificuldades do país são, na verdade, “bons problemas”.
Vale destacar a frase de Dilma: “É sempre melhor enfrentar os problemas do crescimento do que os do desemprego, da falta de investimento, da falta de renda e da depressão econômica”.
Há na avaliação da presidenta um componente importante de compromisso histórico dos governos do PT, o de que enfrentar os graves problemas estruturais do país é exatamente o que queremos e o que devem fazer os governos preocupados com o desenvolvimento nacional.
Ou seja, não podemos abandonar a perspectiva de que estamos avançando e superando etapas, que as demandas historicamente represadas não desaparecem com um passe de mágica, é preciso muito trabalho.
Nesse sentido, a equação que nos cabe resolver na economia é fortalecer o eixo do mercado interno, mantendo-o permanentemente aquecido para favorecer a geração de empregos, a partir do desenvolvimento da produção, ao mesmo tempo em que atacamos os entraves estruturais que atrapalham o atendimento a essa demanda crescente.
Cabe-nos, portanto, criar mecanismos de favorecimento da poupança interna e de atração do capital produtivo, para ampliar o volume de investimentos nos próximos anos. O norte é retirar o componente inflacionário da infraestrutura inadequada que temos à nossa disposição.
O enfrentamento desse desafio passa, necessariamente, por incrementar nossa rede aeroportuária. O primeiro passo foi dado pelo governo, que anunciou a decisão de fazer as concessões dos principais aeroportos, saída que atende aos objetivos de preservar o papel da Infraero e o caráter público do setor ao mesmo tempo em que dá celeridade às urgentes obras e melhorias nos aeroportos que a estatal não tem condições de tocar.
Esse processo irá começar pelos aeroportos de Guarulhos (SP), Viracopos (Campinas) e Presidente Juscelino Kubitschek (DF), mas há estudos para Confins (MG) e Tom Jobim/Galeão (RJ). Eles se somam a São Gonçalo do Amarante (RN), primeira experiência de concessão aeroportuária no país.
A opção pelas concessões atende à necessidade de servir ao vertiginoso crescimento da demanda no setor nos últimos anos e também às exigências para a Copa-2014 e as Olimpíadas-2016.
Os próximos anos serão fundamentais para definir o futuro do desenvolvimento do Brasil. Não há espaço para temores ou ondas pessimistas que, na verdade, atuam em defesa de interesses particulares e são contrários ao processo deflagrado com o Governo Lula, de crescimento estruturado com distribuição de renda e geração de empregos. Esse mesmo processo, que segue com o Governo Dilma, é o grande responsável por enfrentarmos os “bons problemas” que hoje ocupam a agenda nacional.
José Dirceu, 65, é advogado, ex-ministro da Casa Civil e membro do Diretório Nacional do PT