Por Rosiene Carvalho
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O deputado estadual e presidente de honra do PSB, Serafim Corrêa, declarou que o Caso Dantas é suspeito de ter surgido para derrubar politicamente o ex-secretário da Seduc (Secretaria de Estado de Educação), Luiz Castro (Rede).
“Há essa suspeita e ela tem muita razão de ser porque depois que o Luiz Castro saiu ninguém falou mais nisso. Resolveu todos os problemas ? Claro que não. Os problemas continuam existindo, o Dantas continua operando, trabalhando para a Seduc. Então, isso cheira a uma manobra política. Eu lamento, eu fico triste”, declarou.
A declaração foi feita durante o programa Exclusiva da Rádio Band News Difusora, veiculado ao vivo na segunda-feira, dia 16. Veja o vídeo com a entrevista abaixo.
Serafim disse que, na ALE-AM, nenhum parlamentar se convenceu com a diferença de versões de Francisco Dantas na ALE-AM e no MPC (Ministério Público de Contas).
“Agora ninguém pode pensar que aqueles 24 deputados … ali não tem bobo, ali não tem leso. Todos têm lucidez, têm clareza. Todo mundo ali ficou com o pé atrás. Então, que história é essa? Querem que alguém acredite nessa história? Confesso que ninguém acreditou”, declarou Serafim Corrêa.
O deputado estadual disse que todos precisam colocar as denúncias, a troca de versões e o contexto da fala do empresário Francisco Dantas em “pratos limpos”. “Não estou propondo uma guerra, mas acho que precisamos avançar para colocar isso em pratos limpos”, disse.
Serafim criticou a entrega de um CD editado, por parte do TCE (Tribunal de Contas do Estado) à ALE-AM e disse que o órgão tem a obrigação de tomar a iniciativa para esclarecer os fatos.
“Entendo que o TCE tem a obrigação de tomar essa iniciativa. Entregaram um CD editado, aí não vale. A gente está vendo o que acontece quando fazem edições, como as que o Moro fez, lamentavelmente. Ele manobrou”, comparou o parlamentar.
O empresário Francisco Dantas fez denúncias no MPC ao procurador de contas, Carlos Alberto Almeida, pai do vice-governador Carlos Almeida Filho, apontando uma série de esquemas de corrupção na Seduc, nos contratos dele, e disse que pagava mensalinho a deputados da ALE-AM e da Câmara dos Deputados.
PGE usada para tencionar
O deputado Serafim Corrêa também declarou que a PGE (Procuradoria Geral do Estado) tem sido usada para tencionar a relação com o poder legislativo. Ele citou com exemplo e interpelação sofrida pelo deputado de oposição Wilker Barreto (Podemos).
“Tem sido recorrente o Governo do Estado usar a Procuradoria Geral do Estado para tencionar”, declarou.
Outro exemplo, citado por Serafim, são os excessos de vetos do governo.
“Veja este absurdo: foi apresentado um projeto de lei, considerando patrimônio imaterial do Amazonas o “Estatuto do homem” de Thiago de Mello. Foi aprovado por unanimidade e vai para a sanção do governador, a PGE recomenda o veto e o governador veta. Isso geral um mal estar, um constrangimento absolutamente desnecessário”, declarou.
Falta diálogo entre Governo, Prefeitura e Bancada Federal
Na entrevista, o deputado voltou a criticar a falta de diálogo institucional entre a Prefeitura de Manaus, Governo do Estado e bancada federal do Amazonas.
Para ele, a falta de conversa republicana é um problema para o enfrentamento dos riscos ao modelo ZFM (Zona Franca de Manaus) na reforma tributária, que tramita no Congresso Federal.
“A bancada do Amazonas, o governador do Estado e o prefeito de Manaus precisam conversar mais. Temos que acabar com a essa coisa menor que um não fala com o outro. Vamos deixar de lado as dificuldades pessoais que nós tenhamos uns com os outros. Eu faço esse apelo. Aí chega na hora cada um vai para um lado, cada um quer aparecer mais que o outro”, avaliou o presidente de honra do PSB.
Suframa ausente
O economista Serafim Corrêa avaliou que a atual gestão da Suframa deixou a autarquia ainda mais fragilizada e sem participação na defesa do modelo ZFM.
“Agora, recentemente, o Coronel Menezes foi colega de farda do presidente da República, a indicação foi política, ele é político, é filiado a um partido político. Agora, isso não é crime. Qual o nosso problema? É que o superintendente da Suframa tem que ter o desprendimento de bater de frente para cima”, declarou Serafim.
Para Serafim, o julgamento sobre o IPI no STF, em abril, expôs a fragilidade da atual gestão da autarquia.
“Eu acompanhei, no julgamento no Supremo desde 2015, e a gente se ressentia. Chegava na hora – e isso entrou e saiu de pauta umas doze vezes – o superintendente da Suframa não aparecia lá. Ele tinha medo de aparecer lá, contra a Receita Federal e a Receita Federal, que cada vez mais tem influência na Suframa, pedir a cabeça do superintendente. O superintendente se encolhia”, afirmou.
A Suframa, para o economista, precisa ser gerida por perfis que apontem para uma postura pró-ativa.
“Eu entendo que a Suframa tem que ser pró-ativa, interagir mais com o Governo Federal e até bater de frente e dizer ao presidente o que está sendo feito. E a Suframa não ganha uma. Estamos com nove meses e só tivemos uma reunião do CAS”, disse.
Foto: Marcelo Araújo