Com muito pesar registro o falecimento do Dr. Benjamin do Couto Ramos hoje às 17 horas.
Os mais novos não o conhecem, mas a ele a minha geração, principalmente os colegas da Faculdade de Ciências Econômicas, todos nós, devemos muito.
Era o ano de 1969 e um incidente entre colegas e um professor fez com que fosse instaurado um processo com base no Decreto lei nº 477 que previa a expulsão dos estudantes.
Isso gerou pânico. Um colega nosso era seu afilhado: o Marco Antonio Maia Freire, para nós o “Buldogue”, seu apelido carinhoso, que nos levou até o Dr. Benjamin. Todos haviam sido intimados para que apresentassem suas defesas em 48 horas. Não sabíamos o que fazer. Ele nos tranqüilizou, disse que estava conosco, virou 24 horas e fez a defesa de todos. Mais que isso, redigiu uma representação ao Ministro da Educação relatando os fatos.
Ao final da confusão, nenhum estudante punido e mudanças profundas na reitoria da Universidade. Saímos incólumes. Todos nós, o Marcos Buldogue à frente, tínhamos o “Beijoca”, como carinhosamente o tratávamos como o “cara”.
Por ele tínhamos uma verdadeira adoração.
Ainda em dezembro, na eleição do Arlindo Porto para a Academia Amazonense de Letras, ele estava lá para abraçar o Almino Afonso, seu amigo que lançava um livro. Eu o encontrei, senti que ele estava alquebrado, dei-lhe um forte abraço, chamando-o de “meu padrinho” e ele estava com a garra de sempre. Abraçou-me afetuosamente e me disse: “Venci o câncer. O mesmo laboratório que disse que eu tinha câncer, agora disse que eu não tenho mais.”
Hoje soube que essa doença terrível havia vencido a batalha final e que ele havia falecido.
Registro o meu pesar aos seus familiares e a minha tristeza, pois perdi um amigo solidário em momentos difíceis da minha vida.
Descansa em paz, ‘Beijoca”.