Gustavo Maia
Do UOL, em Brasília
O ex-presidente do STF (Supremo Tribunal Federal) Joaquim Barbosa está prestes a se filiar ao PSB, em um passo decisivo rumo à possível candidatura à Presidência da República.
O tema foi discutido nesta quinta-feira (29), em Brasília, em café da manhã com o presidente do partido, Carlos Siqueira, e com o recém-filiado deputado federal Alessandro Molon, presidente do diretório estadual da legenda no Rio de Janeiro. O encontro aconteceu em uma famosa padaria da Asa Sul da cidade.
Segundo Siqueira, o princípio adotado por Barbosa “é a filosofia de quem tem prazo não tem pressa”. Embora ele ainda não tenha oficialmente batido o martelo, a expectativa é que o ato de filiação ocorra em 7 de abril, último dia para que quem pretende concorrer aos cargos eletivos nas próximas eleições esteja filiado a um partido político.
Humberto Pradera 5.mai.2016 -/Divulgação PSB
O presidente do PSB, Carlos Siqueira
O UOL ouviu de lideranças do partido no Congresso que não há mais qualquer resistência interna no PSB aos planos presidenciais de Barbosa, que integrou o Supremo entre 2003 e 2014, tendo presidido a Corte nos últimos dois anos como ministro.
Indicado pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), Barbosa se destacou no julgamento do escândalo conhecido como mensalão. Atualmente, aos 63 anos, ele atua como advogado.
Na última pesquisa Datafolha, divulgada em 31 de janeiro, Barbosa apareceu com 3%, 5% e 6% das intenções de voto, em diferentes cenários com candidatos diversos.
A reportagem conversou na tarde desta quinta com o presidente do PSB:
UOL – Joaquim Barbosa vai se filiar ao PSB?
Carlos Siqueira – Se tiver que ser, será provavelmente no dia 7. Nós já nos encontramos várias vezes e as conversas estão progredindo no sentido positivo. Ele não bateu o martelo ainda da filiação. Vamos aguardar até o dia 7.
O que o impede de bater o martelo?
Nada. O princípio é a filosofia de quem tem prazo não tem pressa. Ele tem até o dia 7, e até o dia 7 dará a resposta, ou antes um pouco.
Caso se filie, ele será candidato à Presidência pelo PSB?
A discussão sobre a candidatura segue no partido no partido e com ele próprio. O fato é que a filiação permite a continuidade do debate em torno da eventual candidatura dele à Presidência da República. Se o ministro Joaquim se filiar, ele tem a precedência em função de que as conversas com ele progrediram nesse sentido.
Qual é a expectativa do partido caso ele seja candidato ao Planalto?
A potencialidade dele é muito grande. O que eu pessoalmente avalio é que há uma indisposição muito grande do eleitorado com as pré-candidaturas que estão postas, em função de todos os problemas que a política brasileira vivencia.
Eu acho que a classe política deveria estar preocupada com a autorreforma e trazendo pessoas novas para participar da política, como é o nosso esforço. Mas isso infelizmente não está acontecendo de forma generalizada.
A candidatura dele não é fora da política, porque se for o caso de ele ser candidato, ele virá para a política e entende que a solução para o país é política também. A solução democrática só pode ser através da política, dos partidos. E acho que uma candidatura desse tipo areja muito o debate político nacional.
O perfil mais fechado do ex-ministro, que não costuma dar entrevistas, por exemplo, não preocupa?
Eu acho que essa é uma impressão equivocada. Ele é uma pessoa que tem demonstrado uma grande capacidade de diálogo, uma visão muito positiva e muito próxima do nosso partido em relação aos problemas nacionais. E acho que as pessoas que conhecem ele como magistrado vão se surpreender muito se ele decidir se filiar e também ser candidato.
Eu acho que em relação à imprensa é correto o que ele está fazendo. Não tem porque estar falando com a imprensa se ainda não há decisão sobre esse tema. E ele é uma figura muito conhecida, se destacou muito como presidente do Supremo, como ministro. No momento se prima mais pela discrição sobre esse assunto, até que chegue o momento de ele se expor mais, se for o caso.