AS SAÍDAS: HIDROVIAS, RIO MADEIRA, RIO AMAZONAS, ITACOATIARA, SANTARÉM….

O Brasil tem vários gargalos na sua logística e um deles decorre da opção feita pelo Governo federal ao longo dos tempos de investir em infraestrutura, principalmente em portos, apenas no sul e sudeste.

Isso foi, é e será um equívoco sobre todas as óticas, inclusive a ambiental.

No início dos anos 90, o então Governador Gilberto Mestrinho, assessorado pelo Raimar Aguiar, ambos de saudosa memória, defendeu na SUDAM mudar esse roteiro com a aprovação de dois projetos de portos graneleiros: um em Itacoatiara e outro em Santarém.

Os projetos foram aprovados e vinte anos depois os dois estão implantados e com sucesso.

O de Itacoatiara, trazendo os grãos produzidos no Mato Grosso para Porto Velho e a partir daí através da hidrovia do Rio Madeira até Itacoatiara aonde os navios estrangeiros vêm buscar a soja.

Já o de Santarém deveria receber os grãos através da Cuiabá-Santarém, mas a estrada continua intransitável fazendo com que a rota seja a mesma do terminal de Itacoatiara com a diferença de quando sai do Rio Madeira desce pelo Rio Amazonas até Santarém.

No entanto, o grosso da exportação brasileira de grãos não segue essa rota, preferindo o porto de Santos, o que é um equívoco conhecido e até registrado pela ANTAQ em publicação disponível na Internet sobre a Hidrovia do Rio Madeira onde destaca:

 “Além desses pontos, cabe mencionar a contribuição da hidrovia do rio Madeira no comércio exterior brasileiro pelo prisma logístico. A hidrovia garante uma conexão mais vantajosa da região Centro-Oeste – que concentra a maior produção de grãos do país – com o mercado europeu. Por exemplo, segundo Ojima 1, tomando-se Sorriso-MT como região de origem e o porto de Rotterdam (Holanda) como destino, comparando-se a alternativa rodoviária-marítima com saída pelo já congestionado porto de Santos-SP, a via rodo-hidroviária-marítima passando pelo Madeira com saída por Santarém proporciona redução de 3,3 mil quilômetros no trajeto percorrido pela soja, equivalendo a economia de US$14,8/tonelada no frete, com alívio no tráfego de caminhões e proporcionando redução nas emissões de CO2, diminuição de acidentes de trânsito e menores danos às rodovias, dentre outros benefícios econômicos, ambientais e sociais.”

No mapa acima o percurso em verde é pelas hidrovias do Rio Madeira e do Rio Amazonas e, em roxo, via Santos.

Portando, pela hidrovia do Madeira a distancia é menor, o frete é menor, descongestionam-se as rodovias do sul-sudeste, os danos ambientais são reduzidos e o agronegócio ganha velocidade.

Talvez agora com a nova Lei dos Portos os produtores de grãos no Centro Oeste caiam na realidade e passem a seguir essa outra rota, melhor em todos os sentidos, desde o econômico até o ambiental.