A realidade vai se impondo ao discurso da oposição e de amplos os setores da mídia, que apostaram na crise e deram ampla repercussão a indicadores negativos, amplificando fatos no que acabou se revelando uma grosseira falsificação da verdade. Tudo para fazer oposição ao governo Lula, oposição disfarçada em neutralidade e objetividade jornalística no caso de muitos comentaristas e articulistas. A retomada do crescimento econômico começa a dar sinais, o que traz um novo ânimo ao país.
Tanto o crédito como a intenção de compra do consumidor voltam aos níveis pré-crise econômica. Há outros sinais positivos: inflação sob controle, mais de US$ 15 bilhões de saldo na balança comercial do primeiro semestre, entrada de investimentos diretos estrangeiros no país, crescimento do emprego, tudo demonstrando que as medidas fiscais como desonerações e redução do superávit, adotadas pelo governo, surtiram efeito, já que sustentaram o consumo e a demanda por bens duráveis.
Demonstra também que a manutenção da política de aumento real do salário mínimo, dos benefícios da Previdência e dos programas sociais sustentou a demanda popular, base da recuperação da economia. No entanto, sem a política de crédito e de redução dos juros e spreads das instituições bancárias públicas não teríamos garantido o crédito que chegará a 45% do PIB ainda este ano, outra base para a retomada do crescimento. Não se trata apenas do crescimento apoiado no consumo, mas nos investimentos públicos, num momento em que o investimento privado foi reduzido, em função de os investidores estarem temerosos das conseqüências da crise e do desaparecimento abrupto do crédito externo e interno.
Mesmo com a queda do comércio internacional e do preços das commodities, com seus reflexos no crescimento do país, nossa economia dá sinais que poderá crescer até 1% este ano, que retomará neste segundo semestre o crescimento do emprego e que, em 2010, voltará aos níveis de crescimento anteriores à crise internacional, de 4% a 5% ao ano. Tudo isso só foi possível com a queda dos juros da taxa Selic, que reduziu as despesas com o serviço da dívida interna, permitindo a redução do superávit, e com as desonerações fiscais. Na redução do spread, assim como no fomento ao crédito, os bancos públicos vêm tendo papel essencial, o que mostra, cabalmente, que o Estado precisa de instrumentos próprios – os bancos e as empresas estatais – para fazer política pública. Sem as estatais, e especialmente sem a Petrobras, o governo não teria condições de garantir, como fez, os investimentos do PAC. Outro instrumento importante para o Brasil vencer a crise, que nos atingiu de forma bem menos severa do que aos países desenvolvidos, foi a manutenção dos gastos do governo federal, que socorreu os municípios e estados, além de manter os programas sociais.
O cenário é promissor, mas a oposição e seus parceiros na mídia continuam pregando contra a política de redução do superávit, da mesma forma que bradam contra a retirada da Petrobras e dos investimentos do PAC de seu cálculo. Criticam ainda o aumento dos gastos públicos, mesmo frente à realidade e aos fatos que evidenciam a manutenção do equilíbrio fiscal e o registro do superávit. É sempre bom lembrar que o Brasil é um dos poucos países do mundo a fazer superávit na crise, com uma relação dívida-PIB de 42%, metade da média mundial.
Ao lutar contra a redução do superávit, o uso da política fiscal anticíclica, o aumento dos gastos públicos e dos investimentos, contra o papel dos bancos públicos, a oposição, na verdade, busca evitar a saída da crise, com o único propósito de se beneficiar eleitoral e politicamente de um cenário econômico adverso. O que revela sua natureza elitista antinacional e antipopular, explica seu isolamento e seu apelo cada vez maior à radicalização política, já que não tem propostas e alternativas para o país. Radicalização esta que se expressa nas tentativas de desestabilizar o governo, tentando fabricar escândalos, com apoio de certa mídia.
José Dirceu é ex-ministro da Casa Civil