O Brasil terá a valorosa missão de sediar, em 2016, a primeira Olimpíada de um país da América do Sul. O Rio de Janeiro, nossa cidade maravilhosa, está de parabéns pelo primeiro passo em uma grande conquista.
Junto com a Copa do Mundo de 2014, os Jogos Olímpicos de 2016 constituem o reconhecimento mundial ao Brasil, ao nosso povo e, principalmente, aos esportistas brasileiros. Vocês merecem essa vitória!
A escolha do Rio é resultado também da liderança do presidente Lula no cenário internacional e da congregação de esforços para realizar um trabalho conjunto.
Não faltou vontade política para Lula, o ministro dos Esportes, Orlando Silva (PC do B), o presidente do COB (Comitê Olímpico Brasileiro), Carlos Arthur Nuzman, o governador do Estado, Sérgio Cabral (PMDB) e o prefeito do Rio, Eduardo Paes (PMDB).
É, enfim, um prêmio à luta e ao sacrifício de nossa gente para construir um país melhor e mais justo.
A oportunidade de crescimento em todas as esferas é única. O Brasil terá que se preparar para fazer grandes investimentos.
Não só em equipamentos esportivos, mas principalmente nas áreas de maior carência, como transportes públicos (metrô à frente), mobilidade, segurança, aeroportos, hotéis e comunicação.
Os Jogos Panamericanos de 2007, que só aconteceram graças ao governo federal e a própria qualidade do projeto brasileiro para sede olímpica, mostram que somos capazes de fazer a Copa e a Olimpíada em alto nível.
O trabalho que temos pela frente requer criatividade e ousadia para atrair a iniciativa privada no financiamento de grande parte das obras.
Será imprescindível prepararmos o país para ganhar medalhas e dar um salto em nosso esporte amador.
Há quem veja com maus olhos a realização da Copa e da Olimpíada em um país como o Brasil. A principal crítica refere-se aos custos de eventos dessa magnitude.
Dizem que não vale a pena fazer tais investimentos em um país que ainda precisa resolver desigualdades e deficiências históricas. Pura cegueira.
Primeiro porque as condições econômicas, os avanços sociais e o prestígio que o Brasil tem hoje no mundo são requisitos importantes para fortalecer nossa confiança em um trabalho bem-sucedido.
Segundo porque os louros da realização de tais eventos são gigantescos, caso contrário, as nações desenvolvidas não gastariam bilhões em eventos esportivos e culturais.
Ganharemos com a construção de estruturas esportivas permanentes, com reurbanização de áreas decadentes, com a instalação de equipamentos de cultura e lazer, com melhoria e projeção de nossa imagem, com fortalecimento de nossa identidade cultural, com modernização dos transportes, com aprimoramento da infraestrutura e com incremento do turismo.
Certamente sairemos dos Jogos mais fortes no turismo. Tanto no externo como no interno, uma vez que a tendência é que o brasileiro se interesse mais por viajar dentro de seu próprio país.
Finalmente, devemos encarar os Jogos Olímpicos como caminho para um patamar mais elevado enquanto nação. A oportunidade de absorvermos positivamente os investimentos, inclusive, foi um dos fatores que nos fez sede de 2016.
É possível trabalhar para que cada aporte a ser feito tenha como objetivo final melhorar as condições de vida no Rio de Janeiro, em especial, dos milhões de pessoas que vivem hoje com dificuldade.
Isso será inevitável se tivermos também um projeto para que nossa infância e juventude possam representar o Brasil nos jogos e para que as estruturas criadas sejam aproveitadas pelas futuras gerações.
A própria experiência de organizar os dois maiores eventos esportivos do mundo representará um crescimento ao Brasil, com impactos no setor de serviços e na qualificação profissional.
Precisamos aprender com os erros do Pan-07, eliminar os gastos desnecessários, combater os desvios de dinheiro, realizar parcerias para atrair a iniciativa privada e difundir ao redor do país uma política nacional de esportes, cultura, lazer e turismo.
O desafio é grande, mas instigante e animador. Estou certo de que os governos federal, estadual e municipal e o COB, a sociedade civil e a iniciativa privada agirão unidos. Rio-2016, nosso futuro, aqui vamos nós.
José Dirceu, 63, é advogado e ex-ministro da Casa Civil