Copa: Ainda há riscos?

 

Recebo uma ligação, entre abismada e incrédula, com a informação de que Manaus e Cuiabá teriam sido preteridas como sedes da Copa do Mundo de 2014. Tomei um susto. Só algumas ligações depois é que entendi o que havia acontecido: a CBF anuncia que vai seguir à risca o cronograma de obras das cidades escolhidas e as que perderem o passo serão desqualificadas.

Nada novo. A Fifa tem procedido assim desde sempre. Lembram que a Colômbia havia apresentado uma pré-candidatura concorrente à do Brasil e desistiu no meio do caminho? Isso aconteceu porque aquele país deixou de cumprir alguns dos pré-requisitos da Fifa e foi, digamos, “desistido” da disputa.

Também não é difícil lembrar os momentos que antecederam a Copa da Alemanha, em 2006, que se tornou paradigma do evento, em organização e investimentos. A conclusão de vários estádios retardava e a Federação Internacional, implacável, anunciou a disposição de substituí-los por outros, já concluídos. A anfitriã, quarta economia mundial, atrás apenas dos EUA e do Japão, teve que meter a mão no bolso e investir mais para não passar um vexame internacional.

Será assim também no Brasil, num contexto em que Manaus e Cuiabá, como todas as demais sedes, estão inseridas.

Ainda há setores que não entenderam bem o espírito da coisa. A Copa do Mundo não é um jogo. É um negócio. Li o projeto apresentado por Manaus e a cidade não vai construir um estádio de futebol, mas, pelo contrário, um grande centro de compras (shopping) e arena multiuso, com um campo de futebol no meio.

Sem querer ofender ninguém, não cabe a expressão de que teremos um “elefante branco”, após a Copa, porque não temos futebol. Elefante branco é o atual Vivaldão, onde somente uma ou outra partida consegue passar dos 10 mil espectadores e, na maior parte do tempo, entregue às moscas.

Quanto ao futebol local, onde se formaram craques como Pepeta, os irmãos Édson, Antonio e Zequinha Piola, Berg, Gilmar Popoca, França, Lima e tantos outros, a fase não é das melhores. Ainda assim, registre-se o enorme esforço de um grupo de desportistas locais persistentes e o talento de jovens jogadores que se vai espalhando dentro e fora do País, nas categorias de base, como demonstração do enorme potencial manauara.

Não é preciso oferecer, insisto, nenhum jogador à Seleção Brasileira para sediar a Copa do Mundo. Nem ter equipe na Série A ou mesmo na B. Mas não é justo que o futebol não se beneficie dos enormes investimentos que virão por aí.

O que é necessário é concentração proativa no cumprimento das metas. Meu mandato e o que tenha reunido de prestígio estão à disposição para ajudar no que for necessário.

Tenho acompanhado o andamento do cronograma, como o início da construção do Centro de Convenções, no estacionamento do Vivaldão, parcialmente financiada por recursos federais.

Estamos em plena crise. A captação de recursos vive momento difícil. É preciso “ciscar para dentro”, como dizem os especialistas em marketing, porque nenhum investidor põe dinheiro onde pairem dúvidas. E não serei eu a oferecer argumentos contra aporte de recursos que signifiquem 300 mil empregos, como avalia o governo do Estado, em obras do porte de um metrô de superfície.

Aguardo a constituição da entidade que vai cuidar oficialmente do Projeto Manaus Copa 2014, formada por um conselho de notáveis, para o qual está prometido “máxima transparência e boas práticas de gestão”.

É esse o caminho.

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