A sociedade se indigna com a crise no Senado. Primeiro senador a denunciar o esquema de Agaciel Maia e a exigir punição para ele, bem como o único a levar o presidente Sarney ao Conselho de Ética, fui avisado para parar e recebi várias propostas para tal. Faço questão, porém, de ser o anti-Sarney, o anti-Renan, o anti-Jader Barbalho, o anti-Newton Cardoso. E tentam me chantagear. Chantagem, porém, não funciona comigo.
Não é possível que eu seja pivô do desmoronamento do império de corrupção que eles montaram no Senado há 15 anos, no Maranhão há 44 anos e na Esplanada dos Ministérios há décadas, sem que reagissem. Não fiz concessões e não as farei. Eles que não me peçam nada porque nada lhes pedirei. Eles que não me concedam nada porque nada lhes concederei.
Eu os acuso de sonegação fiscal, fraude em licitação, super-faturamento… eu os acuso de mil crimes. Fiz seis representações contra o presidente Sarney. Eles me acusam de empréstimo que já paguei e cujo único sentido anti-ético seria me cooptar para um esquema do qual sou o primeiro e mais duro opositor. E vou fazer mais, porque quero Agaciel Maia demitido a bem do serviço público.
Permiti que funcionário meu fizesse mestrado no exterior. Que benefício pessoal obtive disso?; Sarney nomeia familiares que não comparecem ao trabalho; Renan tem funcionário lojista no Rio Grande do Sul; São esses que vão me acusar?
Lançam mão até, no fundo, da morte de minha mãe. Ela que, portadora de Alzheimer, era dependente de meu pai, o Senador Arthur Virgílio Filho, assim como minha esposa, Goreth, seria minha dependente se eu já tivesse morrido.
Minha caixa de e-mails se enche todos os dias. A cada dez, nove me apóiam. São jovens que se oferecem para iniciar uma coleta na Internet e me ajudar a pagar o custo da devolução que prometi, espontaneamente, dos recursos gastos no mestrado de um funcionário no exterior – e dos quais já devolvi R$ 68 mil, faltando duas parcelas mensais do mesmo valor. É o líder de meu partido na Câmara Federal, José Aníbal, anunciando que meus colegas deputados também querem se cotizar para me ajudar. Diante disso, tudo o mais é secundário.
Sei distinguir entre pecado venial e pecado mortal. O Senador João Pedro, por exemplo, recebeu auxílio-moradia irregular e devolveu o dinheiro quando percebeu a irregularidade. A deputada federal Vanessa Grazziotin, igualmente, estava dentro da lei ao pagar viagem para o esposo com a cota de passagem de deputada e poderia fazê-lo para quem mais quisesse.
Recebo do povo amazonense muitas manifestações de orgulho pela forma altiva com que exerço o mandato. Pois terão muito mais orgulho, esta semana, ao ver o modo como vou enfrentar tanto a máfia siciliana quanto a Camorra napolitana. Nenhum rei do gado ou usurpador de convento vai me intimidar.
Minha irmã, Ana Luíza, sexta-feira, disse-me: “Poxa, você está tão mais calmo”. Respondi: “Aninha, você não me conhece desde os tempos do esporte? Vai chegando a hora da decisão, vou ficando mais calmo”.
PS: Faleceu dona Eulália Sena, amiga amada, esposa do grande Sena, podólogo da Seleção Brasileira, meu amigo pessoal. Farei voto de pesar no Senado e estarei na Missa de 7º Dia.