São preocupantes as fotos publicadas em um jornal local nas quais fiscais da Secretária Municipal de Abastecimento e Produção (antiga Mercados e Feiras) espancam, com socos, pontapés e até com uma barra de ferro, um camelô.
Sempre fui um radical na defesa da revitalização e reordenação do Centro de Manaus, aqui mesmo já escrevi um artigo sobre o tema (Centro de Manaus. Estamos Cegos. 10.04.2009).
No entanto, a questão dos vendedores ambulantes e camelôs deve ser tratada do ponto de vista urbanístico, mas também do ponto de vista social.
Primeiro é preciso separar o joio do trigo, ou seja, os verdadeiros trabalhadores que dão duro nas ruas para sustentar suas famílias, dos comerciantes espertalhões que fazem do camelô seu braço informal e dos malandros que com relações suspeitas com a Secretaria tornaram-se donos de várias bancas, depois oferecer alternativas econômicas viáveis com a construção de shoppings populares em locais adequados e de fácil acesso, para ai sim falar em repressão aos que não se enquadrarem.
Acontece que o Prefeito Amazonino e seu Secretário (Des)Aparecido caminham no sentido contrário. Mandam descer a peia em camelô ao tempo em que anulam R$ 270.000,00 dos recursos previstos no Orçamento para construção de shoppings populares, padronização de bancas de ambulantes e reforma e recuperação de mercados e feiras (Decretos 289, de 23.09.2009 e 297, de 28.09.2009, publicados no Diário Oficial do Município).
O título do artigo da semana passada foi “Cancela creche e sai pra pescar”, esse bem que poderia ser “Cancela shopping popular e mandar descer a peia em camelô”.
Prefeito, os camelôs de Manaus viram no senhor a esperanças de dias melhores, acreditaram nas suas mentiras de campanha, não seja agora o algoz desses homens e mulheres simples que só querem sustentar suas famílias com um mínimo de dignidade.
Organização e criação de alternativas econômicas para camelôs e ambulantes, sim. Peia e perseguição, não!
Marcelo Ramos é advogado e vereador pelo PSB.