Fonte: G1 Amapá
Vítima fatal de uma imprudência no trânsito em 2010, Mateus Alves Gomes e a luta pela punição pelo crime inspirou os pais dele a contarem a história para levar esperança para aqueles que perderam algum familiar ou amigo querido. “Tornaste meu pranto em alegria” é o título do livro que foi lançado neste sábado (14), em Macapá.
A obra conta toda a trajetória da família após a morte, durante um acidente de trânsito provocado por um motorista alcoolizado. Os autores, o administrador Fernando Gomes e a jornalista Luciane Gomes, também citam no livro como encontraram incentivo para encarar o luto.
“Nossa luta foi incansável, para que o crime não ficasse na impunidade. Nosso luto se transformou em luta, e essa foi a nossa causa, de um trânsito mais seguro, mais pacífico. Pessoas que estão à beira de uma depressão, que não conseguem sair de casa depois de uma perda significativa, o livro alcança essas pessoas”, explicou o pai.
Luciane contou que, após perder o filho, sentiu uma dor muito grande e procurou ajuda em livros, mas não encontrou. Ela quer que o escrito seja um consolo e que leve esperança.
“Foi um momento muito doloroso. Busquei um consolo através de livros, e eu não encontrava nada. Então gerou no meu coração, no coração do meu marido, essa vontade de colocar uma mensagem de esperança, de renovação, de fé, porque nós perdemos um filho, mas a nossa família foi restaurada. Nós choramos lá atrás, mas hoje nós podemos sorrir. Nossa vida teve um recomeço”, disse a mãe.
Fernando e Luciane nasceram em Manaus, capital do estado do Amazonas, onde se casaram e tiveram o pequeno Mateus. Após a morte da criança, a família se mudou para Macapá e, 8 anos depois, eles tiveram outros dois filhos: Fernanda, de 4 anos, e Isaque, de 6 anos.
“Tornaste meu pranto em alegria” também será lançado em Manaus, no dia 24 de abril, em uma faculdade particular, às 20h.
Crime e condenação
Mateus tinha 4 anos quando morreu em 13 de junho de 2010, em um grave acidente em Manaus. Ele estava na calçada da casa da avó, assistindo a uma procissão religiosa, quando foi imprensado contra um muro e teve traumatismo craniano.
Ele foi uma das pessoas atingidas por um carro conduzido pelo motorista embriagado, que ao ver o bloqueio da rua devido ao evento, deu marcha a ré em alta velocidade e efetuou “cavalo de pau”, atingindo Mateus e outras três pessoas.
Um júri popular na Justiça do Amazonas condenou Cristian Silva de Souza em abril de 2013, a 31 anos de prisão em regime fechado. Ele chegou a recorrer em segunda instância, mas a pena foi mantida.
Foi o primeiro crime de trânsito julgado como homicídio doloso no Amazonas, quando o réu assume o risco de matar.
O livro é uma das atuações da família para repercutir o ocorrido para advertir motoristas em todo o Brasil sobre as responsabilidades e os perigos no trânsito. O casal participou de uma campanha do Ministério das Cidades, em 2011, com o objetivo de diminuir o número de mortes e outros danos causados por acidentes de trânsito.