Por Maria Lima, para GLOBO.COM:
BRASÍLIA – O trabalho de Lula na articulação política do governo nos últimos dias já produziu os primeiros efeitos: nesta quinta-feira Dilma almoçará com a bancada do PT no Senado e, semana que vem, com os líderes dos demais partidos aliados que se reuniram ontem na casa de Sarney. Lula está em Brasília desde terça-feira, quando se reuniu com senadores petistas e cobrou união do partido na defesa do ministro da Casa Civil, Antonio Palocci. Na quarta-feira, em reunião com líderes da base na casa do presidente do Senado, José Sarney, ele assumiu de vez o papel de articulador político ao prometer resolver as reclamações de falta de interlocução com o governo. Em jantar com a presidente na terça-feira, Lula chegou a cobrar de Palocci mais atenção com os aliados.
Na própria quarta-feira, Dilma e Palocci já botaram em prática as orientações de Lula: o ministro telefonou para marcar jantares e para antecipar a aliados a decisão da presidente de recolher o kit contra a homofobia , que tanto incomodava a bancada evangélica. A própria Dilma telefonou para o líder do PRB, senador Marcelo Crivella (RJ).
Segundo relatos dos participantes do café da manhã na casa de Sarney, ao pedir solidariedade e apoio para segurar o chefe da Casa Civil, Lula disse que Palocci estava “muito estressado”, mas não podia ser desamparado porque dá uma contribuição enorme ao governo Dilma e ao Brasil. E contou, segundo um líder presente, como foi o puxão de orelhas no ministro:
– No jantar com o Palocci ontem à noite eu disse a ele: tome cuidado, porque sua situação no Congresso é péssima. Há uma imensa insatisfação com sua conduta. Você tem que se aproximar mais, atender as bancadas, marcar jantares políticos.
Na conversa na casa de Sarney, o ex-presidente pediu que todos os presentes colocassem suas pendências , que ele as levaria para Dilma e para os ministros da área. E fez uma avaliação da crise provocada pela revelação de que o patrimônio de Palocci aumentou substancialmente no período em que ele atuou como consultor, entre 2007 e 2010, quando era deputado.
– O presidente Lula tem uma sensibilidade política mais aguçada e deu sinais claros de que a crise do Palocci é muito grave, não sai da mídia, e que pode caminhar para uma crise institucional de dimensões preocupantes e futuro imprevisível – contou um dos senadores presentes.
Enquanto ocorria a reunião de Lula com aliados, Palocci telefonou para o líder do PT no Senado, Humberto Costa (PE), para confirmar o almoço desta quinta-feira. Ligou também para o líder do PTB, Magno Malta (ES), um dos mais revoltados com a falta de atendimento no Planalto. Magno teria se recusado a falar com Palocci naquele momento.
– Lula disse que ia conversar com os ministros, que se recusam até a devolver telefonema, para que eles acordem. Eu disse sobre o caso do Palocci: a arrogância precede a ruína! Não estou aqui para ser desrespeitado por ninguém. Lidero cinco senadores. E quando o pau quebra descobrem que existe base? – disse Magno Malta, após a reunião com Lula.
Comentário meu: Essa interferencia do Lula mais atrapalha do que ajuda a presidente Dilma porque passa a imagem de que ele é o tutor da presidente. É verdade que ele foi o fiador, o mais importante apoio, mas daí a tutor vai uma distancia. Por outro lado, salta aos olhos a falta de articulação, em alguns casos diria até a falta de respeito, do Governo para com os aliados. O Ministro de Articulação Política Luis Sérgio, simplesmente, não existe. Para completar o quadro de dificuldades políticas do Governo, a postura do Ministro Palloci em relação à sua consultoria abre margem a todo tipo de chantagem por parte de grupos que são do ramo da barganha, do toma lá, dá cá, no melhor estilo do “é dando que se recebe”. Dilma precisa dar o murro na mesa e deixar claro quem manda, repudiar as chantagens e mandar para casa quem não está correspondendo. O resto vai se resolver por consequencia.
até compreendo que tem que haver as articulacões na politica , mas dai a falta de carater como brasileiro pois o caso de palocci é grave e o lula acha que isso é uma crise eu acho que uma falta de vergonha.