Dentre 5.471 cidades avaliadas, somente 431 tiveram alto desenvolvimento e 11 foram classificadas com baixo desenvolvimento. Região Nordeste concentra os piores índices.
Por Daniel Silveira, G1 Rio
O alto desenvolvimento socioeconômico é realidade de poucas cidades do Brasil. Somente 7,9% dos municípios do país têm este nível de classificação. É o que revela o Índice Firjan de Desenvolvimento Municipal (IFDM), divulgado nesta quinta-feira (28) pela Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro (Firjan).
De acordo com o levantamento, dentre os 5.471 municípios avaliados em 2016 pela entidade, apenas 431 tiveram alto índice de desenvolvimento – 223 a menos que em 2013, ano que precedeu o ingresso do país na recessão econômica. Em contrapartida, apenas 11 cidades foram classificadas com baixo desenvolvimento.
A grande maioria dos municípios avaliados (3.743) tinha desenvolvimento moderado em 2016. Já os demais (1.286) tiveram índice regular de desenvolvimento.
Para calcular o IFDM, a Firjan monitora as áreas de emprego e renda, educação e saúde com base nas estatísticas oficiais dos respectivos ministérios. O índice varia de 0 a 1, sendo que, quanto mais perto de 1, maior o desenvolvimento.
Ficaram de fora da análise 99 cidades – três porque não tinham nota do Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb), cinco porque foram constituídas legalmente como municípios há três anos ou menos, e 91 porque tinham menos de dez empregados na administração pública.
País dividido em dois
A análise regional do IFDM mostra que permanece grande a desigualdade socioeconômica entre as regiões do país. Segundo o coordenador de estudos econômicos da Firjan, Jonathas Goulart, “o Brasil continua dividido em dois: Norte e Nordeste com menor desenvolvimento, e Sul e Sudeste com maior desenvolvimento”.
De acordo com o estudo, a região Norte tem 60,2% dos seus municípios com desenvolvimento baixo ou regular. O Nordeste tem 50,1% de suas cidades nesta condição. Juntas, as duas regiões respondem por 87,2% do total de municípios nessas classificações.
O Sul se mostra como a região mais desenvolvida, com 98,8% dos municípios classificados com desenvolvimento entre moderado e alto e nenhuma cidade calssificada com baixo índice. No Sudeste, 92,9% das cidades tiveram índice entre moderado e alto e, assim como no Sul, nenhum município teve baixo desenvolvimento.
A Firjan destacou que, desde 2014, a Região Centro-Oeste alcançou o padrão Sul-Sudeste de desenvolvimento. Em 2016 ela apresentou 92,4% dos municípios classificados com desenvolvimento entre moderado e alto, e nenhum com índice baixo.
“O Centro-Oeste teve um grande avanço de emprego e renda, o que refletiu também nos indicadores de saúde e educação”, disse Goulart.
Quase nada mudou no Norte e Nordeste
Ao analisar os 500 municípios menos desenvolvidos de acordo com o IFDM, a Firjan constatou que, em 2016, a maioria deles (96%) continua sendo das regiões Norte e Nordeste. O ranking não variou desde 2006.
A Bahia é o estado com o maior percentual (34%) de municípios entre os 500 menos desenvolvidos, seguida pelo Maranhão (20%) e Pará (13%).
A Região Sudeste ficou com apenas 2,6% de municípios nesta lista dos 500 menores, e o Centro-Oeste com 1%. Já a Região Sul não teve nenhum município entre os piores IFDMs do país.
No ranking oposto, ou seja, dos 500 municípios com os maiores índices de desenvolvimento, a Região Sudeste liderou a lista, com 50%, seguida da Região Sul, com 41%. O Centro-Oeste respondeu por 7% deste ranking.
O Nordeste ocupou apenas oito posições (1,6%) na lista dos 500 maiores IFDMs, sendo sete municípios do Ceará e um do Piauí. Já a Região Norte teve apenas a capital do Tocantins, Palmas, incluída nesta lista.
A Firjan destacou que, nos dez anos de avaliação, a Região Centro-Oeste mais que dobrou sua participação no ranking dos maiores IFDMs, já que era de 2,4% em 2006.
A Região Sul também aumentou sua participação na lista, que era de 29,2% no início da série. O Sudeste perdeu participação no período – ela era de 68,2% no primeiro ano do levantamento.
A entidade enfatizou que, com base nestes rankings, “a desigualdade parece estar cristalizada no país”. Segundo ela, entre os 500 municípios menos desenvolvidos, “o único movimento observado nessa década foi uma redução de municípios do Nordeste e aumentos dos municípios da Região Norte”.
Ao longo destes dez anos, Bahia e Piauí conseguiram retirar, respectivamente, 35 e 15 municípios do grupo dos menos desenvolvidos. Já Amazonas e Pará foram os estados que mais incluíram cidades nesta lista, respectivamente 17 e 14.