Dizer que a afetividade permeia a aprendizagem é óbvio para qualquer pedagogo. Assim como sabemos que o outro é fundamental para a constituição do próprio sujeito e de suas formas de agir.
A construção do conhecimento ocorre a partir de intenso processo de interação entre as pessoas e o mundo social. O que é vivido e observado no nível social aos poucos é internalizado ou não. Vira conhecimento ou passa ao largo como chuva.
O que muitos estudiosos afirmam é que, além do indivíduo que quer conhecer e do objeto a ser apropriado, o elemento mediador é a peça-chave. Ele é que vai influir no aspecto cognitivo e dar o sentido afetivo e, portanto, a qualidade do que se está aprendendo.
Estamos na era Steve Jobs e parte do conhecimento, pelo menos para uma parcela da população (50% dos lares das regiões metropolitanas brasileiras já têm computador), é obtida pela internet.
Foram-se a lousa, o dicionário e as horas na biblioteca consultando livro atrás de livro para saber mais sobre um tema. A “biblioteca virtual” anda com você: é só acessar o Google ou a Wikipedia e pronto, está lá a informação. Ela vem variada, rica e fria.
A elaboração do que vem vai depender da capacidade do sujeito ou do aluno em “destrinchar” o tsunami recebido. A partir daí, serão muitos os fatores envolvidos, mas o principal continua o mesmo.
Para aprender a usar toda essa tecnologia, iniciar qualquer busca, não desistir, o fator principal continuará sendo o que o computador não oferece: a afetividade.
Não que os que não tiveram as benesses do amor familiar ou de professores dedicados e competentes não possam superar as barreiras e utilizar muito bem o computador. Podem, como atestam os milhares de pessoas que encontram na internet o seu paraíso: não precisam expor-se, ser amáveis, frustrar-se nem relacionar-se. Talvez nem aprender. Para a maioria, entretanto, este não é o sonho.
Existem pesquisas, muitas e antigas, mostrando quanto o medo, a frustração e a timidez desgastam e travam o aluno, enquanto a serenidade e a tranquilidade do professor (a) auxiliam na redução ou na eliminação desses sentimentos desagregadores.
Os bons mestres são observadores e intérpretes perspicazes dos dizeres e das atitudes de seus alunos e conseguem identificar e compreender as dificuldades que surgem na apropriação do conhecimento, sejam elas na relação interpessoal ou com a máquina.
Será dessa mediação, daquela palavra de estímulo na hora certa ou da caçoada, da humilhação ou da falta de paciência que dependerá o êxito da aprendizagem.
Esse mundo da tecnologia depende, e muito, do velho e eterno mestre.