A agricultura tem ocupado papel fundamental no desenvolvimento econômico das nações hoje desenvolvidas. Sua contribuição vai da produção de alimentos, matérias-primas e produtos semielaborados destinados à agroindústria, passando pelo fornecimento de mão de obra aos centros urbanos. Óbices consideráveis são enfrentados pelo setor desde o plantio, por exemplo, de um pé de tomate, ou na criação de uma cabra.
Os fatores básicos de produção – terra, trabalho, capital mais tecnologia – haverão de interagir organicamente integrados de sorte a permitir compor os grandes elos de uma cadeia produtiva. Desde a escolha do terreno, ao preparo do solo, ao plantio da muda, à sua condução e manejo nutricional e de combate a doenças. Faina exaustiva diuturna, do nascer ao por do sol, até a colheita do primeiro fruto. Com a cabra, o boi ou o peixe o processo é semelhante, não se podendo omitir, evidentemente, as idiossincrasias biogenéticas de um e de outro gênero.
As cadeias produtivas que formam a base do agronegócio compreendem um complexo de atividades dinâmicas e complementares, de extraordinário efeito multiplicador nas economias dos países. O mundo evoluiu e com ele os processos produtivos. Graças a substanciais investimentos em ciência, tecnologia e inovação, em ganhos de produtividade, em infraestrutura e logística de transporte, portos e armazenagem, em sistemas de comercialização e na conquista de mercados.
É contraproducente produzir abacaxi, laranja, banana ou maracujá e comercializá-los a céu aberto nas esquinas. A cadeia não se fecha. O produtor, vítima de concorrência predatória, sem garantia de preços mínimos ou noção de custos de produção, vai certamente operar no vermelho, amargar prejuízo, e, portanto, sair do negócio, mais cedo ou mais tarde.
Ainda está para ser montada no Amazonas esta base infraestrutural. Por isso nossa agropecuária é incipiente, pobre, incapaz de produzir o feijão com arroz da dona de casa. Também aqui não se gerou uma cultura agrícola, indispensável à consolidação de atividades produtivas. Por fim, o Estado não acompanha a expansão da base da pesquisa, e também não investiu na formação de técnicos extensionistas em nível adequado às necessidades do produtor.
A EMBRAPA Amazônia Ocidental (CPAA), por carência de recursos, ainda não consegue acompanhar localmente a dinâmica da Empresa no plano nacional. Que revolucionou, a partir do início dos anos 1970, os sistemas de produção obsoletos de então e conduziu o Brasil ao topo mundial dos países produtores de alimentos e matérias primas agroindustriais. A EMBRAPA responde no Sul do Brasil pelos ganhos tecnológicos envolvidos na produção de maçãs, uva e vinho e de outras frutas de clima temperado; desenvolveu a base do sistema de produção do complexo fruticultor de Petrolina, Pernambuco, o maior do País; também responde pela produção de frutas, caprinos e ovinos no Nordeste, no polo agropecuário do Recôncavo Baiano a partir de Cruz das Almas, Bahia. O Ceará e o Rio Grande do Norte têm na fruticultura para os mercados domésticos e de exportação um dos mais importantes sustentáculos de suas economias. O Pará, hoje, com o avanço da tecnologia, se situa entre os estados que mais produzem no Brasil mandioca, dendê, carnes e frutas.
Enquanto isso, o Amazonas se debate há pelo menos um século na expectativa de produzir em escala econômica arroz, feijão, peixe, carnes, frutas e hortigranjeiros. Frustrantes igualmente suas incursões nos segmentos de commodities agrícolas (guaraná, cacau, borracha, mandioca, dendê). Exatamente por não dispor de pacotes tecnológicos, sistemas de produção ajustados a tais finalidades. Portanto, continuamos aguardando respostas confiáveis ao desafio imposto pelo trinômio “o que, onde e como produzir”. Em síntese, os desafios que o governo precisa equacionar se pretende obter êxito na agenda estratégica para o desenvolvimento da agropecuária estadual.
Manaus, 19 de outubro de 2016.