Por Osíris Silva
Encerra-se hoje o AmazonLog 2017, operação militar que se realiza desde a segunda-feira, 6, em Tabatinga, na tríplice fronteira Brasil, Colômbia e Peru. De acordo com entrevista prestada à revista Tecnologia & Defesa, o General-de-Exército Guilherme Cals Theophilo Gaspar de Oliveira, comandante do Comando Logístico do Exército Brasileiro (Colog), e ex-comandante Militar da Amazônia, o AmazonLog tem por objetivo capacitar as Forças Armadas, assim como órgãos e agências, a atuar em regiões de difícil acesso, desenvolvendo estratégias logísticas adequadas. Além disso, oferecer ajuda humanitária e fomentar um debate científico acerca de temas como desenvolvimento tecnológico, meio ambiente e estratégias de defesa.
O exercício conta com a presença das Forças Armadas brasileiras, dos Exércitos dos Estados Unidos, Equador, Colômbia e Peru, assim como de diversos órgãos de segurança pública, agências reguladoras e observadores de todos os países sul-americanos, além da China, Rússia, Canadá, dentre outros. Já a escolha da cidade de Tabatinga deu-se graças às suas peculiaridades geográfica e hidrográfica, além de ser uma região que representa fielmente as características amazônicas: chuvas frequentes, difícil acesso, vegetação densa, acesso limitado a sua bacia fluvial e outras, ficando estrategicamente localizada em uma região de fronteira que enfrenta desafios como tráfico de drogas, contrabando da fauna e flora, isolamento e difícil fiscalização.
De acordo com o general Theophilo, o AmazonLog foi inspirado no Exercício Logístico “Capable Logistician- 2015”, conduzido por países que integram a Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN), na Hungria. Naquela ocasião, acrescenta, foi desdobrada uma base logística multinacional com a presença de diversos países, todos atuando de acordo com padrões estabelecidos previamente e em classes logísticas bem definidas, tais como purificação de água, fornecimento de combustíveis, energia e outras. No quesito ajuda humanitária, o objetivo foi apoiar africanos e asiáticos refugiados que buscavam ajuda na Europa. Militares brasileiros participaram como observadores na Hungria e trouxeram a experiência para o Brasil. Ciente dos desafios da Amazônia e de sua estratégica importância geopolítica, o Comando Logístico trouxe o AmazonLog para a região, preocupando-se porém em adaptá-lo à realidade brasileira.
Além de forças militares internacionais, tomam parte do AmazonLog 2017 o Departamento de Polícia Federal, a Infraero, o IBAMA, a Secretaria da Receita Federal, a Secretaria Nacional de Proteção e Defesa Civil, o Departamento de Imigração e Assuntos Jurídicos do Ministério das Relações Exteriores, a FUNAI, a ANVISA, a FUNASA, o ICM-Bio. Como apoio estratégico e logístico destaca-se o Comando Militar da Amazônia (CMA) por sua área de atuação abranger a região da Operação América Unida/ Exercício AmazonLog 17, que inclui os estados do Amazonas, Rondônia, Acre e Roraima, fronteiriços com Peru, Colômbia, Venezuela e Bolívia.
Ainda de acordo com o general Theophilo, o CMA contou com tropas e meios dos países amigos participantes do evento, além de oferecer a maior parcela de contribuição para o planejamento e execução das ações previstas. Isso inclui não só os recursos próprios, mas a experiência para operar na área, aliada ao relacionamento com autoridades e agências com as quais compartilha a defesa da Amazônia. Toda essa gama de conhecimento foi utilizada na realização do AmazonLog 17, o que facilita sobremaneira o sucesso do exercício, uma vez que o CMA, com sede em Manaus, possui treinamento, meios e efetivos necessários ao apoio do exercício logístico. Todo esse esforço certamente haverá de se reverter em favor de ganhos de segurança daquela sensível área fronteiriça, exposta a contrabandos e tráfego de drogas, e, em consequência, ao estímulo à implantação de projetos de desenvolvimento na região pan-amazônica, tais como o ProAmazônia.