No último “causo” contei a peça de que foi vítima o Afrânio Castro numa brincadeira do Abrahim Aleme. Isso foi no final de 1964. Aleme era pessoa da intimidade do Presidente Jango, que havia sido cassado e estava exilado no Uruguai. Vivíamos o regime militar e Aleme tinha voltado para Manaus para ficar anônimo. Foi trabalhar em A CRÍTICA, levado por Umberto Calderaro Filho, e era repórter de política.
A sede da UDN era na esquina da Av. Getúlio Vargas com Rua Henrique Martins, bem atrás do Colégio Estadual. O presidente era o Dr. Alberto Rocha, secretário de Justiça do Governo Artur Reis. Havia uma reunião e o Aleme estava lá, cobrindo. O Dr. Alberto Rocha, incisivo, dizia que o comunismo tinha que ser banido do Brasil e que era preciso expurgar o pessoal do PTB, que queria entregar o Brasil a Moscou.
O Afrânio tinha tomado umas, ia passando e começou a ouvir o discurso pela janela que dava para a Av. Getúlio Vargas. E aí viu o Aleme, encostado na parede e foi à forra.
— Então comece por esse aí, de óculos escuro.
A fala não foi considerada, mas depois o Dr. Alberto Rocha quis saber do Calderaro quem era aquele repórter. Óbvio que não aconteceu nada, mas durante muito tempo o Aleme mostrava o seu arrependimento pela brincadeira do gringo.