Por Thiago Herdy para O GLOBO:
CAETÉ (MG) – O senador Aécio Neves (PSDB) disse na tarde desta quinta-feira que fará uma oposição “responsável e generosa” ao governo de Dilma Rousseff (PT), mas atenta à fiscalização das ações do Executivo. Foi uma resposta ao presidente Lula, que na quarta-feira reclamou da oposição feita ao seu governo e pediu uma oposição que não agisse com raiva com a sucessora dele.
– O presidente certamente pode ficar tranquilo, porque ele não verá uma oposição como a que o PT fez em relação ao governo Fernando Henrique, propondo o “Fora FHC”, afastamento do presidente, ou votando contra matérias relevantes como o Plano Real e a Lei de Responsabilidade Fiscal – ironizou Aécio, que promete defender no Senado uma agenda de reforma política, redução da carga tributária e fortalecimento de municípios e estados.
Também nesta quinta-feira, o governador do Ceará, Cid Gomes, do PSB, defendeu, antes da reunião dos governadores do seu partido, o nome do senador Aécio Neves (PSDB-MG) para presidente do Senado . Segundo Cid Gomes, essa proposta seria parte de um projeto de governabilidade, para uma boa convivência entre oposição e governo.
Em sua primeira aparição pública desde a derrota do aliado José Serra (PSDB), Aécio desconversou quando perguntado se estava chateado por não ter sido citado no discurso de encerramento de campanha do paulista, na noite de domingo.
– De forma alguma (fiquei chateado). Conversei com o governador Serra longamente após as eleições, ele fez uma citação nominal de algumas figuras que estavam ali presentes. Eu acho que nós devemos fazer política sempre com grandeza – disse o ex-governador mineiro.
O clima entre os tucanos mineiros não é o mesmo do que Aécio expõe publicamente. Cinco dias depois do segundo turno, a única manifestação dos tucanos paulistas a respeito do engajamento dos aliados mineiros na campanha veio do coordenador do programa de governo de Serra, Xico Graziano, que comentou via twitter a diferença de votos apurada a favor de Dilma no estado. “Perdemos feio em Minas Gerais. Por que será!?, ele provocou.
Perguntado sobre a possibilidade de atuar como liderança da oposição no Senado, Aécio disse ainda ser cedo para esse tipo de discussão.
– Não me auto proclamo líder de absolutamente nada. Ninguém é líder de si mesmo – afirmou.
O senador foi no início da tarde desta quinta-feira ao Santuário de Nossa Senhora da Piedade, em Caeté, na Região Metropolitana de Belo Horizonte, para agradecer pelo resultado das eleições neste ano. Ele estava acompanhado do governador eleito Antonio Anastasia (PSDB). Os dois viajam de férias para o exterior nos próximos dias e voltam apenas na segunda quinzena de novembro.