Alberto Simonetti Cabral Filho, meu amigo dos tempos de Colégio Brasileiro onde nos formamos em contabilidade, foi um grande advogado. Presidiu a OAB-AM e tinha dentre muitas outras qualidades as de ser amigo dos seus amigos e de ter iniciativa.
Certa feita foi procurado pela viúva de um amigo que havia falecido. Ela relatou uma situação inusitada: a chave de um imóvel pertencente a família estava em poder de um advogado que se recusava a entregá-la sob a alegação de que em uma sessão espírita o falecido havia dado orientação para que ele não entregasse a chave a ninguém.
Simona, como nós o chamávamos, procurou o advogado e foi direto ao assunto:
— Fui a uma sessão espírita e o fulano mandou que tu me entregues a chave da casa.
O advogado, que cá pra nós tinha surtos, respondeu:
— Tudo bem. Diante da ordem dele em outra sessão espírita eu entrego. — e devolveu a chave.
Simona repassou a chave à viúva que pode finalmente entrar no imóvel.
Dias depois, o advogado procurou o Simonetti para dizer que na sessão espírita que ele freqüentava o falecido compareceu e disse não ter dado a ordem.
— Exijo acareação — gritou o advogado.
O Simona dizia que para tratar com doido, tem que se passar por doido, também. Deu uma risada e respondeu:
— Tudo bem, meu irmão, mas na minha sessão espírita.