Absurdo. Lojas Marisa arranca marquise histórica.

A marquise era assim. Foto resgatada do facebook MANAUS SORRISO:

Agora leia a matéria abaixo de ACRITICA.COM, por Kelly Melo,  onde aparece a foto de como ficou.

Prédio da ‘Belle Époque’ teve a marquise arrancada e as paredes danificadas

A marquise do prédio das lojas Marisa era a única que restava nos últimos 130 anos. A retirada da estrutura foi classificada como trágica pelo secretário de Cultura, Robério Braga 

 

 A retirada da marquise da loja Marisa ocorreu há duas semanas (Foto: Evandro Seixas)

 

Uma obra na fachada do prédio onde funciona a loja Marisa entre a avenida Eduardo Ribeiro com a rua Henrique Martins, no Centro, chama a atenção de quem passa pelo local, principalmente dos amantes de história. O prédio, que está no rol dos edifícios da “Belle Époque”  tombados pelo Patrimônio Histórico, teve toda a marquise arrancada, deixando a fachada do espaço totalmente danificada. A Secretaria de Estado da Cultura (SEC) informou que vai acionar tanto o Ministério Público do Estado do Amazonas (MPAM) quanto o Federal (MPF) para investigar o caso.

A obra está sendo feita há aproximadamente duas semanas. A estrutura metálica que ficava abaixo dos vitrais já foi retirada na parte da frente, restando apenas na parte lateral (que também será retirada).

A supervisora de vendas da loja Marisa, Sheila Vargas, disse que a obra tem autorização dos órgãos públicos para ser realizada. No entanto, A CRÍTICA não localizou nenhuma placa que identificasse que o local passa por uma restauração, manutenção ou indicação dos profissionais responsáveis pela obra. A funcionária também não apresentou nenhum documento que comprovasse a autorização mencionada. “A empresa recebeu a autorização para mexer na fachada há uns dois meses, mas desde o ano passado estamos tentando o restauro. A marquise estava danificada e os vidros estavam todos quebrados”, justificou ela.

Não há solicitação
O secretário de Estado da Cultura (SEC), Robério Braga, classificou a obra como “trágica” e uma “afronta ao Patrimônio Histórico da capital”. Ele afirmou ao A CRÍTICA que não recebeu da empresa nenhuma solicitação para realizar qualquer trabalho de restauro ou manutenção na estrutura do prédio. “Até o momento não recebi nenhuma informação sobre a retirada da marquise da loja e que não autorizei nenhuma modificação no prédio. Qualquer trabalho dessa natureza tem que ser comunicado à SEC, à Prefeitura e ao Iphan”, destacou.

Braga ressaltou que a marquise da loja, feita de bronze e vitrô, era a única que restou desde 1890 e o prédio é um dos poucos que aparece em todas as fotos antigas de Manaus. “Essa fachada tem mais de 130 anos e tem um valor inestimável para a história da arquitetura. É trágico”, disse.

Robério Braga adiantou que vai acionar tanto ao Ministério Público do Amazonas (MPAM) quanto o Ministério Público Federal (MPF) para que a empresa preste esclarecimentos sobre a retirada da marquise.

Quem autorizou a reforma?
A CRÍTICA esteve na sede Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), no Centro, mas não conseguiu contato com a superintendente Karla Bitar.  O diretor-presidente do Instituto Municipal de Planejamento Urbano (Implurb), Roberto Moita, também foi procurado para explicar se a prefeitura autorizou a retirada da marquise, mas ele também não foi localizado.

Justificativa para ‘evitar’ acidentes
Embora a justificativa da empresa tenha sido no sentido de “evitar” um acidente, a reportagem não identificou a olho nu, tais problemas. Nas ruas, poucas pessoas perceberam a modificação na fachada do prédio histórico. O vendedor ambulante Vander Sobrinho, 58, afirmou que ficou assustado com a obra, mas espera que o trabalho tenha sido aprovado pelos órgãos competentes.

“Eles começaram a retirar as marquises no período da noite. Mas quando a gente pergunta, ninguém sabe de nada. Não pode mexer assim, de qualquer jeito, porque é um prédio histórico não é?”, opinou.

O vendedor Jamilson Barbosa, 35, disse que o prédio faz parte da história do Amazonas e qualquer interferência na estrutura do prédio para fazer com que o legado se perca.

Centro Histórico de Manaus tombado pelo Iphan 
O Centro Histórico de Manaus foi tombado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) em janeiro de 2012. Ele abrange uma área entre a orla do rio Negro e o entorno do Teatro Amazonas e ainda mantém os aspectos simbólicos. Apresenta uma fração urbana formada por edificações do período áureo da borracha, mesclada a edifícios modernos.

R$ 7 milhões – é o valor aproximado que o governo federal liberou para a execução do projeto de revitalização do Centro Histórico, por meio do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) Cidades Históricas 2.