Eleição a gente ganha ou a gente perde. Não tem empate. Na minha vida política participei de todas as eleições desde 86. Foram 14, ao todo. Perdi mais do que ganhei. Perdi 10 e ganhei 4. Sempre que perdi, mesmo as campanhas tendo sido sempre muito duras, cumprimentei os que venceram e desejei-lhes sucesso no mesmo dia. Esse é o jogo democrático onde a vontade do povo, gostemos ou não, deve sempre prevalecer.
No entanto, nem sempre foi o que vi e ouvi ao longo da minha vida, seja a nível local ou nacional.
Nos anos 50 Juscelino era candidato a presidente pelo PSD. Sofria forte oposição da UDN que dizia:
● – Juscelino não pode ser candidato;
● – Se for, não pode ser eleito;
● – Se for eleito, não pode assumir;
● – Se assumir há de ser cassado.
Foi candidato, o povo o escolheu, assumiu num contragolpe do marechal Lott, governou, inclusive, sofrendo rebeliões militares, mas a vontade do povo triunfou.
Ainda nos anos 50, Gilberto Mestrinho, à época um jovem de 29 anos, venceu as eleições de Paulo Nery para o Governo do Amazonas. E começou a conversa de que ele teria seu mandato cassado e que Paulo Nery assumiria. Isso durou quase o governo todo, mas nada aconteceu. Prevaleceu a vontade popular nos termos da Constituição.
Nos anos 90, FHC foi reeleito e no dia seguinte desvalorizou o real, em função de uma crise externa. O PT disse que era estelionato eleitoral e lançou o FORA FHC. Ele foi até o final do seu governo passando a faixa ao sucessor.
Foram filmes que vi e vivi.
Agora, quase 60 anos depois do primeiro filme, essa conversa está voltando. Tanto a nível nacional, quanto local.
A nível nacional, a presidente Dilma Roussef, a quem faço oposição, venceu as eleições por pequena margem e no dia seguinte, da mesma forma que FHC no passado, fez tudo ao contrário do que dizia na campanha. E aí os papéis se inverteram. Agora é o PSDB quem diz: FORA DILMA.
O presidente do TSE, ministro Dias Toffoli, diante de pedidos os mais estapafúrdios como a recontagem dos votos de urna eletrônica disse que a Justiça Eleitoral não vai aceitar o 3º turno. De certa forma, ele lembrou que quem ganhou, governa; quem perdeu, fiscaliza.
A nível local, os que perderam as eleições, e que a nível nacional ganharam, adotaram o mesmo discurso que combatem a nível nacional. E começam a antecipar julgamentos, como se fossem atribuições deles julgar processos e não da Justiça Eleitoral. Para eles pouco importa o julgamento das urnas que por 180.000 votos os derrotaram. O que pretendem é o poder. Só isso e a qualquer preço.
Como disse, já vi esse filme e muitas vezes, tanto a nível local, quanto a nível nacional.
A vontade popular que foi manifestada livremente, sem nenhuma dúvida, prevalecerá. Quem viver, verá.