Depois de juras durante a campanha eleitoral de que não haveria pagamento de pedágio na ponte Manaus-Iranduba e de muito disse-me-disse nos últimos dias sobre o assunto, o Governador Omar Aziz resolveu assumir publicamente que estuda a cobrança de pedágio.
Para justificar a cobrança, o Governador fala dos elevados custos de manutenção da obra e resume numa frase o que considera injustiça com os que não usarão a ponte:
“…Mas quem vai pagar é quem vai utilizar. Caso contrário quem vai pagar é o cidadão que nunca vai utilizar e nem pensa em utilizar. Eu não tenho direito de, em Pauini, pagar a ponte.”
Ou seja, pelo argumento do Governador, utilizar recursos do orçamento do Estado para a manutenção da ponte é condenar, quem nunca vai utilizá-la, a pagar essa conta, o que na sua visão é algum injusto e despropositado.
Seria válido o argumento do Governador se ele aplicasse o mesmo raciocínio para os custos da construção da ponte. Ora, Governador, não foi com o orçamento do Estado que vocês pagaram R$ 1,071 bilhões por essa ponte? O ex-governador não pensou no povo de Pauini, que sob seu argumento nunca vai utilizar a ponte, quando resolveu gastar mais de 1 bilhão nessa obra?
O argumento do governador, se serve para a manutenção, deveria ter servido para a construção da ponte. E, servindo para a construção, essa seria feita através de investimentos privados (PPP) e, ai sim, poderia a empresa construtora cobrar pedágio para cobrir seus custos de construção e manutenção, preservando os parcos recursos do povo lá de Pauini.
Mais frágil ainda o argumento do governador quando confrontado com matéria do jornal Diário do Amazonas de ontem (26.07.2011) anunciando isenção de ICMS na ordem R$ 4,420 milhões para que Bradesco e Coca-Cola patrocinem os times de futebol profissional do Amazonas.
Ora, Governador, Vossa Excelência bem sabe que 25% do ICMS pertence aos municípios, por determinação constitucional, portanto, com essa medida, o senhor está condenando o povo de Pauini (aquele que o senhor quer preservar com a cobrança de pedágio), de Japurá, de Amaturá, de Novo Aripuanã, que nunca assistirão um jogo desses times de futebol “profissional”, a bancá-los!
É isso mesmo, Governador? O senhor que, muito justamente, não quer condenar o povo de Pauini a pagar pela manutenção da ponte, aceitou condená-los a pagar os custos de construção da ponte? E ainda quer condená-los a pagar patrocínio para os times de futebol?
Isso não é justo governador! Não combina com a sua trajetória e com o seu discurso. Reveja essas decisões.