Há pouco menos de um século, o mundo vivia a expectativa do regime comunista em implantação na União Soviética (país mais atrasado da Europa), que pretendia corrigir as imperfeições do regime capitalista e reduzir desigualdades.
Sem promover as prometidas melhorias aos trabalhadores, em nome de quem foi feita a revolução, o regime não resistiu.
Contraditoriamente, a derrocada começou em 1980 com o movimento de operários poloneses insatisfeitos. Sucumbiu em 1989 tendo como marco histórico a queda do muro de Berlim.
Do regime restam duas “prisões perpétuas”: Cuba e Coreia do Norte, além de “arremedos comunistas”, que tentam prosperar na América Latina, região que sempre se encantou com essas aventuras e, talvez, se deva a isso o seu atraso secular.
Cansada dos fracassos comunista, a China abriu suas fronteiras ao capital estrangeiro adotando a economia capitalista. O sucesso é extraordinário. Em breve se tornará a maior economia do planeta e já afastou da pobreza uma quantidade de pessoas sem precedentes na história, embora na política continue fechada, condição cada vez mais difícil sustentar.
Enquanto isso, sem imaginação, os “arremedos latinos” repetem a regra falida de um século atrás. Tentam assumir o poder tendo como modelo a ditadura cubana fantasiada do tal “Socialismo do Século XXI”, escudo da ditadura bolivariana, cuja estratégia é a perpetuação no poder, objetivo único das ditaduras de qualquer origem, com resultados desastrosos para o povo.
É impressionante a atração que sentem pela certeza do fracasso. Todos querem seguir ao encontro de Cuba, que sempre viveu da caridade russa, depois da (hoje miserável) Venezuela e atualmente do Brasil, que se vale de subterfúgios de toda ordem para cumprir esse papel. Contribuição maior, porém, vem dos cubanos que arriscaram a própria vida em busca da liberdade e fugiram para Miami. O “Imperialismo Americano” deu a eles as oportunidades que nunca teriam e de lá remetem aos parentes impedidos de sair da ilha, mais de um bilhão de dólares por ano.
Se o comunismo não deu certo no século passado, não há a menor chance de acontecer no mundo atual. O regime tem sério problema de gestão. De pronto peca em inchar o estado e num aparelhamento desmedido distribuir cargos relevantes aos camaradas despreparados para gerir, deixando a burocracia estatal exposta a aversão que o regime tem pela meritocracia.
Max o grande teórico do comunismo, não fez abordagem alguma sobre gestão. Sequer tratou de estudar alternativas de como administrar as mudanças radicais provocadas pela expropriação do capital privado, mandamento primeiro do regime, cuja intervenção desorganiza fundamente os sistemas econômico e político. Sem essa receita do “guru”, seus seguidores desprezam o aspecto gerencial, que consideram coisa do “capitalismo burguês”.
Sem solucionar essa questão e baseado em uma teoria que não se renova há mais de um século, tudo se mostra inadequado diante da complexidade do mundo atual, o que joga os estados comunistas no fosso da governança ineficaz.
O Brasil é a prova mais evidente desse retrato. A esquerda levou o País ao fundo do poço e, sem opção, foi buscar um economista formado no centro do capitalismo americano, que tanto detestam, para reparar os estragos, pois, nos seus quadros não encontrou ninguém com competência e credibilidade internacional.
Veja-se o caso da Petrobras, empresa que sempre buscou a excelência a partir do preparo dos seus colaboradores, não resistiu à receita de perpetuação no poder do atual governo. Os dirigentes que lá estiveram nesses 12 anos produziram resultados desastrosos, que embasa o argumento do despreparo. Está claro que se limitaram a cumprir exclusivamente o projeto de poder, que, como já tinha mostrado o “mensalão”, consistia em amealhar recursos para compra de apoios e cooptação de partidos, com os quais eram negociados cargos, sob critérios que nunca levaram em conta o preparo e a competência exigida na governança corporativa.
Seguindo esse roteiro, tudo indica que mesmo que o partido não se tivesse utilizado da empresa para provocar o maior escândalo financeiro de todos os tempos, a gestão era comprometedora e a levaria não muito distante do fracasso atual, como bem mostrou o balanço recentemente publicado.
Todas as decisões eram tomadas no campo político, sem nenhum compromisso com a saúde econômico-financeira da empresa, preocupação que a esquerda parece não ter. O estado pode tudo. Avaliam.
Nessa ganância pelo poder, sequer foi levado em conta a história da Petrobras, sob a qual se refugiam hoje e por meio da propaganda enganosa, marca registrada do regime, apelam para o nosso sentimento patriótico que nunca respeitaram, com o argumento de que a empresa é estratégica para o País. O que buscam de fato é melhorar a irremediável mancha da incompetência com que carimbaram a imagem da empresa e a dignidade nacional.
É certo que houve um momento que explorar o petróleo diretamente era estratégico. Daí nasceu a Petrobras. Hoje não tem mais o menor sentido, pois nasceram outros instrumentos que transferiram essa importância da empresa para a Nação. A existência dela hoje sob o controle acionário do País, (com apenas 32% do capital, o restante já pertence a pessoas físicas e jurídicas brasileiras e estrangeiras) tem se mostrado um mero instrumento político do governo sem qualquer benefício à população. O resultado está aí: corrupção desmedida.
Estratégico é o petróleo que está no subsolo. A Petrobras não, repito. Tome-se como exemplo o minério e a telefonia. Lá atrás beneficiar o minério de ferro e as necessidades de telecomunicações eram vitais à industrialização do País, portanto, estratégicos. Cabia ao Estado estimular o desenvolvimento. Fundou a Vale, a Embratel e depois a Telebrás. Na década de 1990 foram privatizadas. Já tinham cumprido o seu papel estratégico.
É preciso esclarecer que as reservas de minérios continuam a ser estratégicas para o País, a produção diretamente não. E o subsolo onde estão, não foi privatizado. Do mesmo modo as telecomunicações. Privatizado foram equipamentos, prédios, móveis, veículos etc., as “frequências” (espaço por onde trafegam voz e dados) único elemento estratégico, não. São propriedades do País, que as usará estrategicamente como bem lhe aprouver.
Depois da quebra do monopólio, uma grande decisão brasileira, o procedimento com o petróleo se dá da mesma forma. As reservas petrolíferas não são da Petrobras, mas do Estado Brasileiro e continuam sendo estratégicas para o País.
Além de tantos outros, o exemplo mais contundente nesse aspecto é o de Eike Batista, que ao comprar do governo, (e não da Petrobras), a concessão de uma área para prospectar e explorar petróleo, em concorrência pública, deu com os burros n’água. O petróleo que lá encontrou, mostrou-se economicamente inviável. Teve de assumir um prejuízo, que outrora teria sido da Petrobras.
É balela, pois, afirmar, como fazem os governantes, que a Petrobras é estratégica para o País. Se tivesse entrado no programa de privatização dos anos 1990, teria sido um extraordinário avanço e o nosso País não estaria passando por esse desavergonhado escândalo financeiro que combaliu a empresa e nos projetou para o mundo como um povo incompetente e nada sério.
Privatizar a Petrobras e outras empresas estatais ainda escondidas atrás da burocracia nacional é uma necessidade inadiável. Todas deixaram de ser estratégicas. Estratégico hoje é reduzir esse espaço propicio à corrupção e ao interesse político menor.
Afinal, o que leva os partidos políticos a se digladiarem pelo comando das estatais? Certamente uma pergunta para a qual todos nós temos a resposta.
Francisco R. Cruz.
Abril de 2015